Neste blog já dedicamos algumas postagens para explorar a nova onda pandêmica entre católicas conservadoras: o feminismo.
Buscamos identificar padrões e argumentos de feministas católicas da forma mais abrangente possível e respondê-los, contudo, parece que o besteirol e o lixo feminista é interminável e a cada dia se renovam novos delírios e novas problematizações por moças profundamente afundadas no feminismo e na confusão mental.
O novo delírio feminista agora é da socióloga Geisiane Cristina Freitas, pesquisadora das relações raciais e de gênero, e da influencer Jules Freitag, colunista do site Church Militant e do Jornal BSM de Bernardo Küster.
Geisiane parece ser a típica "feminista acadêmica", ou seja, aquela que vela seu feminismo implícito em "pesquisas" e explicações sociológicas que quase sempre tem como "resultado" a reprovação das posições católicas sobre a mulher, algo que outras moças como Preta de Rodinhas e Letícia Barbano também fazem. Em outro momento explicaremos melhor sobre esse perfil. Já Jules é puro suco do que chamaremos aqui de "feminismo olavético", isto é, da católica outrora conservadora, mas que agora se reduz a criticar o conservadorismo de modo desbocado, debochado e revoltado.
Como dissemos em algumas oportunidades neste blog, o feminismo católico é completamente avesso a padrões de feminilidade, principalmente quando o tema é modéstia, tendo em vista a sua origem liberal. Por isso procura rotular padrões perfeitamente adequados para mulher (Ex: mulheres que usam véu, vestido e que trabalham dentro do lar) como uma "caricatura".
Geisiane e os "Homens de Verdade"
Uma nova variante desse ódio aos padrões foi apresentado por Geisiane e Jules. Geisiane possui um Destaque em seu Instagram chamado "Caricatura" e nele a socióloga critica o que chama de "feminilidade instagrâmica". Geisiane indica que "feminilidade instagrâmica" seria o conjunto dos perfis que reduzem a feminilidade a "ferramentos externas" e ao trabalho no lar. Ela considera que esses perfis agem igual o feminismo que compreende a feminilidade como uma "performance social".
Quanto à feminilidade externa, Geisiane não deu exemplos de perfis que reduzem a feminilidade apenas aos aspectos externos. Tudo o que sabemos é que a socióloga "surtou" quando o influenciador João Menna afirmou que mulheres deveriam andar maquiadas dentro de casa. Segundo Geisiane, o influenciador não estaria compreendendo a realidade da maioria das mulheres brasileiras e que ele ficar se importando com isso seria coisa de "tchola".
Contudo, nos perguntemos: é um tremendo absurdo a opinião de João Menna?
Aqui lembramos de um famoso caso narrado por Dom Rafael Llano Cifuentes em seu livro "Crises Conjugais". O bispo conta a história de Gilberto e Cida, um casal do qual ele era diretor espiritual. Narra Dom Rafael que numa direção Gilberto fez a seguinte reclamação:
"O meu casamento entrou em crise. Morro de tédio e monotonia. Todos os dias, quando me levanto, vejo a Cida despenteada, sem se arrumar, horrorosa, com os pés enfiados nuns chinelos horríveis que não troca faz quinze anos, arrastando-se pelos corredores, cansada... Abro a porta do quarto e encontro as crianças, que já são adolescentes, discutindo, brigando... A minha casa parece um zoológico...
«Depois, chego ao escritório e encontro lá a Mônica, uma estagiária. O panorama muda da água para o vinho. Ela é encantadora. Acho que tem uma queda por mim... Aproxima-se, charmosa...: "O senhor parece cansado...; não quer que lhe traga uma aspirina com uma coca-cola?" E afasta-se com um andar cadenciado que me arrebata... Estou perdendo a cabeça... Em casa, sinto-me acorrentado... Tenho necessidade de libertar-me. Por que condenar-me à prisão de um amor que já morreu? O contraste entre a Mônica e a Cidinha é muito forte... Não sei, não..." (p. 89)
A solução de Dom Rafael foi chamar Cida e dar-lhe o seguinte conselho:
"Veio a Cida, toda inocente, desarrumada, despenteada:
- Cida, por favor, arrume a «fachada» e... compre outros chinelos!
A Cida era inteligente. Foi ao cabeleireiro, comprou roupas novas, uns chinelos novos, tornou-se mais carinhosa com o Gilberto, preparou as «comidinhas de que ele gostava... e terminou «reconquistando» o marido."
O conselho de Dom Rafael é essencialmente o mesmo de João Menna. A esposa deve se adornar para agradar o marido. Se é com maquiagem, penteado bem feito ou com roupas melhores dependerá do gosto de cada marido, mas o conselho é espiritualmente o mesmo.
Nesse sentido ensinava o Doutor Angélico:
"Pode contudo, a mulher aplicar–se licitamente em agradar ao seu marido, afim de que ele, por desprezo, não venha a cair em adultério. Por isso diz o Apóstolo: A mulher casada cuida das coisas que são do mundo, de como agradará ao marido." (S.Th. II-II, q. 169, a. 2).
Da mesma forma, São Francisco de Sales em "Filoteia"
"Uma mulher pode e deve se efeitar melhor quando está com seu marido, sabendo que ele a deseja." (A decência dos vestidos, cap. 25)
Será que essas moças adoentadas pelo feminismo irão brigar com Santo Tomás, São Francisco de Sales e Dom Rafael por eles serem "incompreesivos" com a realidade da mulher brasileira?
Ademais, há outra razão para o adorno de mulheres quando estão com seus maridos: favorecer a união mútua mediante o débito conjugal.
Uma mulher que não se cuida ou que é arrebatada pela rotina e se esquece frequentemente de adornar-se para o marido, geralmente, não está com o débito conjugal em dia e pode criar uma crise no seu casamento.
"Homens de verdade"
Muitas mulheres, no entanto, preferem negar essa realidade. Elas possuem a ingênua crença de que devem ser amadas por si mesmas sem precisar que façam ou se esforcem para alguma coisa. Assim, quando lhe são mostrados os deveres que devem cumprir ou os esforços que precisam fazer para manter um casamento, muitas delas apelam para a figura do "homem de verdade". O "homem de verdade" seria aquele que ama sua mulher sem que ela precise fazer nada para ser amada ou desejada. Portanto, um homem que não desejasse sua mulher nessas condições seria menos homem ou um "tchola", um "boiola", um "viado". Esse expediente é apenas uma variação de deboche, mecanismo amplamente usado pelo feminismo católico como dissemos no artigo "O Deboche como Arma do Feminismo Católico".
Este recurso foi utilizado por várias influenciadoras que acompanharam a polêmica como, por exemplo, a própria Geisiane, a pedagoga Ana Paula Sousa (@pur.ana), entre outras. Todavia, o melhor exemplo desse expediente talvez tenha sido o da professora de filosofia Natália Sulman, que fez uma postagem intitulada "O homem quer ver sua mulher sem roupa, não com maquiagem" e nela ela dá a entender que "homens de verdade" desejam suas mulheres bastando que elas sejam elas mesmas. Se isso não for suficiente, então "algo está de errado com ele".
Contudo, como vimos, o adorno das mulheres para os maridos é orientado e mesmo ordenado por santos doutores e padres de larga experiência de direção espiritual, considerando a natureza masculina de ser muito visual. Certamente, se Cida ouvisse os conselhos de Natália Sulman e cia e não de Dom Rafael Llano Cifuentes, o casamento com Gilberto teria acabado.
O que nos leva à seguinte conclusão: mulheres que não fazem caso da sua "feminilidade externa" estão a um passo de destruir também a sua feminilidade interna, pois destroem o seu casamento e consequemente a boa vivência da maternidade.
Curiosamente, Geisiane, Natália e cia aplicam o mesmo veneno que dizem repelir: rejeitam qualquer enquadramento de feminilidade enquanto aplicam um enquadramento de masculinidade.
Quanto ao trabalho externo da mulher casada, Geisiane diz que não há nada mais feminino do que uma mulher sair de casa para trabalhar em prol dos filhos e pede para que as mulheres valorizem a sua própria realidade. Porém, como demonstramos no artigo "Trabalho da Mulher Casada e a Direita Feminista", a Igreja não presume lícito o trabalho fora do lar e o considera, em regra, uma injustiça social contra a mulher, porque a priva do reto cumprimento dos seus deveres domésticos e maternais, deveres estes que performam a sua autêntica feminilidade, pois foi para ser mãe que a mulher foi criada, não para ser escrava de inúmeros patrões. Como diria o Papa Francisco:
A realidade é que «a mulher apresenta-se diante do homem como mãe, sujeito da nova vida humana,que nela é concebida e se desenvolve, e dela nasce para o mundo». O enfraquecimento da presença materna, com as suas qualidades femininas, é um risco grave para a nossa terra.” (Amoris Laetitia, 173)
O correto, portanto, não seria valorizar a realidade decaída, mas tentar sair dela.
Jules: Padrão de Feminilidade Causa Transexualismo
Jules, por sua vez, pega o gancho de Geisiane e afirma que a "feminilidade instagrâmica" favorecerá o aumento de transexualismo em uma sequência de stories:
Jules bate numa genérica "caricatura de feminilidade católica", mas não define o que é a feminidade católica autêntica. Traduzamos então o que ela provavelmente quer dizer: não existem padrões fixos de feminilidade. Entende ela que padrões fixos ajudam a fortalecer o movimento trans, porque uma moça confusa que não se visse nesses padrões se enxergaria como um "homem".
O argumento, no entanto, é um absurdo completo. O que sempre fortaleceu o movimento LGBT e a ideologia de gênero nunca foi o estabelecimento de padrões de feminilidade, mas a destruição deles, o qual o feminismo é o principal contribuinte. O feminismo é o maior defensor da "diversidade" quando o assunto é feminilidade. E é exatamente o que Jules está fazendo. Ela acusa perfis católicos de serem muito "rígidos" na definição de feminilidade e, consequentemente, de mulher, como se houvesse uma infindáveis variações de feminilidade e não algo que pudesse ser condensado numa pessoa só, a saber, na Virgem Maria, e imitado por tantas outras pessoas.
A menos que Jules mostre ou defina o que é a sua ideia de autêntica feminilidade, o seu ataque à "feminilidade católica" só tem um efeito: fazer muitas moças desistirem de buscarem ser mais femininas. Em outras palavras, é Jules que estará favorecendo o Movimento Trans.
Conclusão
O que notamos tanto no comportamento de Geisiane, Jules e de outras moças conservadoras é cada vez mais a rejeição de algum conceito de feminilidade. Se alguém defender que mulheres devem voltar a usar saia e vestido como sempre usaram, alguma delas dirá que isso é "cagação de regra" da "seita da saia". Se alguém disser que as famílias deveriam lutar para que as mães não precisem trabalham fora, então alguma feminista católica dirá que tal pedido é reduzir a mulher a um papel burguês do século XIX. Se alguém disser que a mulher deve estar bonita para o marido, alguma delas também dirá que isso é um desrespeito com as "mães trabalhadoras" que não tem tempo pra se olhar no espelho. Ou seja, de pouco em pouco, evapora-se qualquer conceito possível de feminilididade que não seja apenas as diferenças anatômicas entre homem e mulher. Não lhes basta compreender que um ideal de feminilidade deve existir e que os casos concretos serão analisados segundo as circunstâncias concretas. Não, é preciso atacar o ideal. É preciso rotulá-lo de "cagação de regra" contra a mulher, é preciso chamá-lo de "caritura", é preciso ainda fazer múltiplas "problematizações", para que o ideal não seja vivido nem tentado.
Há cerca de 3 anos Kyle Thompson do canal do Youtube "Undaunted. Life" realizou um podcast com o tema "Contemporary Worship Music is for Women and Effeminate Men" ("A Música de Adoração Contemporânea é para Mulheres e Homens Afeminados").
Segundo Kyle, os problemas do Worship cristão contemporâneo seriam estes:
1. É divisivo. É voltado para o público jovem. A pessoa só vai à igreja se esta tiver o estilo worship.
2. É egocêntrico, pois se volta inteiramente para o "eu".
3. É afeminado. Trata Cristo/Deus como um namorado.
4. Esconde a face "temível" de Deus, pois Eleé sempre retratado como um amigo fofo. Nunca como um juiz ou como o Leão de Judá.
5. É sentimentalista. As músicas são excessivamente emocionais.
6. Não é realmente uma boa música. É repetitiva, estereotipada. Muitas são criadas a partir do country, do jazz ou do rock. Cristãos deveriam ser capazes de produzir uma música de nível mais alto e profundo do que optar sempre por música industrial.
7. É teologicamente falido. São músicas cativantes para ficarem guardadas na memória, mas não possuem conteúdo de fé para ser meditado.
Kyle ainda explica o porquê o porquê do Worship ser para mulheres e homens afeminados.
1. Mulheres consomem muito mais esse tipo de música do que homens. O worship é comercialmente feito para elas.
2. A ênfase está nas emoções. Efeminado é justamente aquele que não consegue controlar suas emoções.
3. É tudo sobre Cristo como cordeiro. Nada sobre Cristo como leão. A passividade é valorizada ao invés da fortaleza.
4. As músicas são escritas por mulheres ou por homens afeminados.
5. Se a letra desse tipo de música fosse escrita por homens de verdade, ela soaria como algo homoerótico. As Escrituras nunca descrevem a relação entre homens e Deus em termos eróticos. Homens buscam um líder masculino, não um amante masculino.
As observações de Kyle se coadunam com a opinião de Calvin Johansson que publicamos no artigo "O problema da música gospel". A música cristã contemporânea (Gospel) é causa de imaturidade espiritual e atrapalha objetivamente a santidade, porque, na verdade, é um lixo musical que não favorece a oração.
Contudo, Kyle acrescenta mais um problema, o da afeminação da música cristã.
Neste blog, já comentamos no artigo "Sobre o Tradismatismo" sobre o problema da música carismática católica. Nesse artigo criticamos o uso de música não-litúrgica por carismáticos na missa. Porém, convém descatar o quanto a Renovação Carismática tem sido pródiga em produzir também músicas afeminadas.
Neste contexto, nota-se a música do Pe. Marcelo Rossi "Yeshua", agora regravada com o cantor Thiaginho (sim, aquele mesmo).
A canção encaixa-se com perfeição nos problemas descritos por Kyle Thompson sobre o worship cristão atual. Vejamos a letra:
Ele chora, Jesus, esse nome que ele chora/Te chamam de Deus e de Senhor/Te chamam de Rei e de Salvador/Mas eu me atrevo a te chamar de meu amor/Te chamam de Deus e de Senhor/Te chamam de Rei e de Salvador/Mas eu me atrevo a te chamar de meu amor
Yeshua, Yeshua/Tu és tão lindo/Que nem sei me expressar/Yeshua, Tu és tão lindo/Jesus/Meu Rei/Te chamam de Deus e de Senhor/Te chamam de Rei e de Salvador/Mas eu me atrevo a te chamar de meu amor/Te chamam de Deus e de Senhor/Te chamam de Rei e de Salvador
Mas eu me atrevo a te chamar de meu amor/Yeshua, Yeshua/Tu és tão lindo/Que nem sei me expressar/Yeshua, Tu és tão lindo/Yeshua, Yeshua/Tu és tão lindo/Que nem sei me expressar
Jesus/Yeshua, Tu és tão lindo/Tu és tão lindo/Yeshua, Yeshua/Que nem sei me expressar/Yeshua, Tu és tão lindo/Que nem sei me expressar/Yeshua, Tu és tão lindo/Jesus
A música é repetiva, sem conteúdo teológico, sentimentalista, judaizante e, se for cantada por homens, soa como algo homoafetivo.
Padre Marcelo, previsivelmente e para a nossa infelicidade, também canta essa música em suas missas:
Já a canção "Jesus, Meu Esposo" da Comunidade Católica Colo de Deus, que citaremos apenas alguns trechos, vemos um homem se autonomeando "esposa" e chamando Jesus de "meu esposo". A música só faz sentido se imaginarmos que se trata de uma relação homoafetiva.
Segue a letra:
É digno que a esposa/Se cubra com as vestes do esposo/É justo que eu meu vista com as feridas do teu corpo/Jesus, meu esposo
Eu troco as coroas desse mundo/Pela coroa e os teus espinhos/É justo que eu me cubra com a tua dor/Jesus meu esposo
Me deixe entrar/Me deixa entrar/(Na brecha do teu peito)/Te conhecer por dentro/Em tuas chagas, cura e libertação encontrar/Me deixa entrar/(Na brecha do teu peito)/Te conhecer por dentro, meu Jesus/(Te conhecer por dentro)/E em tuas chagas, cura e libertação (encontrar)/
Me deixa entrar, ê, ê, ê/Na brecha do teu peito/Te conhecer por dentro, e em tuas chagas/E em tuas chagas, cura e libertação (encontrar)
Avivamento encontrar/Esperança encontrar/Tua face encontrar, avivamento/Avivamento encontrar, esperança/
Esperança encontrar, tua face/A tua face encontrar/Meu esposo, e ele é/Jesus meu esposo/
Jesus meu esposo, Jesus meu esposo, Jesus meu esposo/Eu estou entrando, Eu estou entrando, E quanto mais eu entro/Mais eu me encanto
Eu estou entrando (estou entrando)/Eu estou entrando (eu estou entrando)/E quanto mais eu entro/Mais eu me apaixono
Eu estou entrando (eu estou entrando)/Eu estou entrando (eu estou entrando)/E quanto mais eu me apaixono/Mais eu me conheço
E descubro que eu sou louco/E descubro que eu sou louco/E descubro que eu te amo
Primeiramente, a música traz a frase "É justo que a noiva se vista com as vestes do esposo". A afirmação, no entanto, é péssima, porque esposas simplesmente não se vestem de esposo e nem é justo fazê-lo, visto que por direito natural homens e mulheres devem se vestir diferente. É uma frase sem sentido e que favorece a ideologia de gênero. Certamente, a esposa deve assumir muitas coisas do esposo, mas a veste não é uma delas.
Depois a letra fala de Jesus como "esposo". De fato, Nosso Senhor é retratado pela Tradição como Esposo, mas sempre da Igreja ou da alma, nunca do indivíduo enquanto tal. A canção, porém, retrata Cristo como esposo de um eu lírico masculino, pois a voz poética é de um homem ("E descubro que eu sou louco"). Esta abordagem é completamente homossexual, pois Cristo é tomado como um parceiro romântico de um outro homem, algo nunca feito antes pelos santos. Não se verá nos escritos espirituais de Santo Agostinho, São Bernardo, Santo Tomás de Aquino ou de São João da Cruz Jesus Cristo sendo tomado como esposo de si mesmos.
Notemos como só faz sentido a "esposa se vestir com as vestes do esposo", se imaginarmos que se trata de uma relação entre dois homens.
Por fim, a canção diz:
Jesus meu esposo, Jesus meu esposo, Jesus meu esposo/Eu estou entrando, Eu estou entrando, E quanto mais eu entro/Mais eu me encanto.
Eu estou entrando (estou entrando)/Eu estou entrando (eu estou entrando)/E quanto mais eu entro/Mais eu me apaixono.
A música parece parafrasear o verso 4 do primeiro capítulo de Cântico dos Cânticos:
"Arrasta-me após ti; corramos! O rei introduziu-me nos seus aposentos. Exultaremos de alegria e de júbilo em ti. Tuas carícias nos inebriarão mais que o vinho. Quanta razão há de te amar!" (Ct 1,4)
Todavia, notemos a diferença. O eu lírico da canção da Colo de Deus é masculino. Já o eu lírico de Cântico dos Cânticos é feminino. Na música da Colo, portanto, o homem literalmente se torna a mulher da relação (!).
Em suma, na música temos: um homem se autodeclarando "esposa" e fazendo de Cristo um par romântico e um homem se apaixonando na medida que "entra" no seu esposo.
Um rapaz homossexual tem nesta música um verdadeiro "lar". Ele é convidado a "sair do armário" toda vez que a canta, pois pensa que é justo falar de Cristo como um par romântico esquecendo-se que ele é verdadeiro Deus, mas, antes de tudo, verdadeiro homem.
Só por este fato esta música deveria ser extirpada dos shows carismáticos e da música católica como todo. Não sabemos quem seja, mas não duvidamos que o compositor da canção seja, de fato, um homem homossexual ou muito afeminado.
Continuemos.
No clipe da música, se vê ainda jovens andando a esmo e rapazes tendo gestos e movimentos muito afetados:
A afeminação dos movimentos é resultado direto da música tocada, tendo em vista que ela incentiva a espontâneidade e a explosão de sentimentos ao invés da sobriedade/gravidade do espírito de devoção.
A música, além de homoafetiva, gera problemas de imodéstia corporal. Segundo Antonio Royo Marín, a modéstia corporal
"É uma virtude que nos inclina a guardar o devido decoro nos gestos e nos movimentos corporais" (Teologia Moral para Leigos, tomo I, p. 585).
E continua o mesmo autor:
"Gestos bruscos e descompassados, gargalhadas ruidosas, olhares fixos ou indiscretos, modos afetados e amaneirados e outras mil impertinências desse tipo são indício, geralmente, de um interior desordenado e vulgar." (p. 586)
Ora, se há rapazes católicos com tendências e trejeitos homossexuais, mas que buscam viver o ensino da Igreja, nada pior e inóspito pra eles do que um ambiente que os incentiva a terem explosões de sentimentos e de imodéstia corporal, pois ambos geram a efeminação do comportamento masculino.
Com efeito, não é surpresa que do meio carismático alguns ícones famosos tenham se assumido publicamente homossexuais e com vida sexual ativa, como foi o famoso caso do cantor Gil Monteiro, que confessou, em 2022, que estava "casado" há pelo menos cinco anos com seu "marido".
Do exposto, concordamos inteiramente com o Dr. Peter Kwasniewski, quando diz, na segunda parte do seu artigo Sacred Music vs Praise and Worship - Does it Matter?, que o Worship cristão deveria ser totalmente excluído não só da liturgia como também da adoração devocional:
"Não pode haver lugar para música pop contemporânea inspirada ou influenciada pelo pop na liturgia porque ela viola vários dos princípios repetidamente dados nos documentos da Igreja. O fato de muitos padres e bispos não aplicarem essas regras e não parecerem se importar não vem ao caso, assim como o fato de a maioria dos católicos discordar da Humanae Vitae (incluindo muitos membros do clero) não justifica a contracepção. A vasta maioria dos católicos está em um estado de profunda ignorância, desrespeito habitual e, às vezes, desobediência total, e devemos encarar o fato de que isso é parte da causa da atual crise de identidade, doutrina e disciplina na Igreja.
Eu iria mais longe e diria que precisamos nos afastar da moda ou modismo de usar música derivada de estilos populares contemporâneos para qualquer atividade litúrgica ou devocional. Faríamos bem na adoração, por exemplo, se retornássemos a um papel muito maior para o silêncio e um uso consistente de cantos mais simples. A oração silenciosa, combinada com o canto, permite que pessoas de temperamentos, personalidades, idades, situações pelas quais estão passando em um determinado dia, etc., estejam unidas em oração de uma forma que pode ser adaptada às necessidades de cada uma. A oração vocal, ou uma forma de música mais “emocionante”, embora essas coisas possam ter seu lugar na vida cristã, não facilitam a oração em grupo, portanto a oração litúrgica, da forma que o silêncio e o canto (e a música sacra) o fazem."
A RCC faria um grande bem à música católica brasileira, se começasse a promover autêntica música sacra e deixasse de lado o pop religioso. Como vimos, não é um estilo autênticamente católico, empobrece a música cristã, impede a santificação de irmãos com tendências homossexuais e causa imaturidade espiritual dos fiéis.
Durante grande parte da minha vida como católico, frequentei o que a maioria chamaria de "Missa Nova bem rezada". Para alguns católicos que nunca viram um NO que não fosse um show de palhaços, o conceito de uma Missa Nova bem rezada pode ser uma surpresa, mas garanto que ela existe, embora seja rara. Como é uma Missa Nova bem rezada? Na minha experiência, ela podem incorporar alguns ou todos os seguintes elementos:
O ordinário da missa rezado ou cantado em latim
Uso exclusivo do Cânon Romano ("Oração Eucarística I")
Prevalência de mulheres que usam véu
Canto substituindo hinos
Um introito em latim
Um rito de Asperges
Paramentos bonitos
Recepção quase exclusiva da Sagrada Comunhão na língua
Sacrário localizado no centro
Recepção da comunhão ajoelhado na mureta do altar
Altar fixo, com aparência de sacrifício (ou seja, sem um frágil "altar mesa")
Bela arquitetura tradicional e decoro
Pregação e catequese ortodoxa
Acólitos do altar masculinos tradicionalmente paramentados
Cultivo de uma espiritualidade mariana e eucarística
Congregação vestida apropriadamente e reverentemente
Oração de São Miguel após a missa
Tenho sido consistente ao longo dos anos na minha opinião de que o Novus Ordo não é intrinsecamente irreverente; Isso mesmo. Sabemos que uma maioria estatística das liturgias do Novus Ordo são, na melhor das hipóteses, constrangedoras e, na pior, irreverentes, mas ainda assim o NO pode teoricamente ser celebrado de uma forma que seja condizente com a dignidade da liturgia. Talvez você discorde disso, mas tanto faz. Esse não é o ponto deste ensaio. E, claro, a Missa Tradicional é superior a esse respeito em todos os sentidos, e isso é inquestionável. Mas o ponto é que é possível celebrar o Novus Ordo de uma forma que seja reverente e digna, e que para muitos católicos esses tipos de liturgia do Novus Ordo constituem uma fonte real e positiva de nutrição espiritual e oferecem uma conexão verdadeira, embora muito imperfeita, com a tradição católica.
No entanto, mesmo que tudo isso seja verdade... é uma defesa terrível do Novus Ordo. Há uma razão maior que paira como um elefante na sala — o fato de que mesmo a melhor liturgia do Novus Ordo só o é por causa da preferência pessoal do celebrante.
As rubricas do Novus Ordo definitivamente permitem uma celebração reverente. Mas a palavra "permitir" é o ponto crucial do problema. Ela permite todas as opções mais reverentes se o celebrante assim escolher usá-las. E as mesmas rubricas que permitem a reverência permitem com a mesma facilidade as opções mais banais, bobas ou irreverentes se o celebrante assim escolher. O Novus Ordo é liturgicamente libertário. Ele eleva o princípio da escolha pela escolha como o princípio determinante da liturgia. Isso garante que a qualidade da experiência litúrgica de alguém seja determinada não pela estrutura do rito em si, mas pelos caprichos do celebrante. Mesmo quando o celebrante escolhe usar as opções mais reverentes — o que pode ser bom para aquela liturgia em particular — no geral é um mau estado de coisas porque a estabilidade daquela "Missa Nova bem rezada" está sempre em questão.
Para ser franco, isto significa que apenas uma pessoa está entre a Missa Nova bem rezada e a completa reviravolta da vida litúrgica da paróquia. Alguns exemplos da minha própria história:
Minha paróquia teve um pastor tradicional por mais de uma década. Ele fez o que eu descreveria como um Novus Ordo "reverente" e (após a promulgação do Summorum Pontificum) ele também celebrava a Missa Tradicional em Latim. Todas as suas liturgias de ambas as formas usavam o altar-mor neogótico. A paróquia tinha um altar de mesa, mas o pastor o havia removido e guardado. Bem, eventualmente, esse pastor foi embora e nos foi designado um administrador paroquial temporário até que um pastor permanente fosse designado. O sujeito interino imediatamente colocou o altar de mesa de volta. Ambos os clérigos podiam citar documentos em apoio às suas decisões: o pastor original corretamente observou que o texto do Missale Romanum assume que o celebrante está voltado para ad orientem e, portanto, presume um altar de parede fixo, não um altar de mesa. O administrador interino poderia citar o IGMR, que diz especificamente que o altar "deve ser construído separado da parede, de tal forma que seja possível andar ao redor dele facilmente e que a missa possa ser celebrada nele de frente para o povo" (GIRM 299). Tudo dependia da personalidade e das preferências de cada homem, qual documento eles escolheram seguir e como eles interpretaram esses documentos. Quando um novo pastor foi finalmente designado, ele (novamente) removeu o altar da mesa. Se ele algum dia for embora, um novo pastor poderia facilmente colocá-lo de volta.
Outra história: anos antes, quando retornei à Igreja, eu estava assistindo à missa naquela que era então a paróquia mais tradicional da minha região. O pastor rezou uma Missa Nova em latim, onde tudo, exceto as leituras e a homilia, era cantado em latim. Eu adorei isso. Foi minha primeira exposição a algo que se aproximasse da tradição litúrgica católica. Bem, eventualmente aquele pastor foi removido e nós pegamos outro, um cara do tipo "não balance o barco" de energia muito baixa. Matéria pima de bispo. De qualquer forma, uma vez que o novo padre entrou, adivinhe qual foi a primeira coisa que foi retirada? Eu acho que o latim não foi mais rezado naquela paróquia desde então.
O ponto é este: mesmo quando a Missa Nova é rezada reverentemente, é como um exercício do gosto pessoal do pastor — e a elevação da preferência do celebrante acima de todas as outras considerações é talvez o pecado original do Novus Ordismo. O Novus Ordo no seu melhor ainda é um exemplar do que há de pior nele. Que ironia bizarra.
Quão diferente isso é da Missa Tradicional, onde o celebrante se torna irrelevante! A reverência da Missa Tradicional não é o produto de preferência subjetiva, mas é construída na estrutura do próprio rito. A Missa Tradicional não tem uma "permissão" contingente para reverência; ela simplesmente é reverente. A reverência não é o produto de ter o pastor certo, construir a congregação certa ao longo dos anos e fazer as escolhas certas entre um mar de opções. A reverência da Missa Latina Tradicional não é o fim a ser alcançado, mas uma fundação que é tomada como certa e construída sobre ela. É onde começamos, não onde terminamos.
Liturgia reverente não é algo pelo qual os católicos devam lutar, muito menos deixar aos caprichos das preferências litúrgicas de um homem. Deve ser nosso direito de nascença como filhos e filhas da Igreja.
Um tema, porém, ainda não abordado por nós, é o uso do escárnio/deboche como método feminista de destruição de adversários. O deboche, a chacota, o escárnio é ínsito no comportamento feminista como veremos mais a frente. Infelizmente, talvez inconscientemente, moças católicas tendentes ao feminismo têm adotado o mesmo tipo de conduta.
Para entendermos como funciona o deboche como método precisamos compreender primeiro o que é o feminismo.
Feministas por negarem em seus corações que quem inventou o patriarcado foi o próprio Deus, pois este constituiu Adão como chefe da humanidade e os sacerdotes como governadores da Igreja, utilizam diversos mecanismos para minar a autoridade do homem e controlá-lo, entre os quais um deles é o escárnio. O deboche, também chamado derrisão, tem por fim suscitar a vergonha do próximo, como ensina o Doutor Angélico:
"Como já dissemos, os pecados por palavras devem ser considerados, sobretudo relativamente à intenção de quem as profere. Por onde, esses pecados se distinguem pelas diversas intenções que tem quem fala contra outrem. Ora, quem profere um convício visa deprimir a honra daquele contra quem o irroga; se detrai visa depreciar-lhe o bom nome; e se sussurra, destruir-lhe a amizade. Assim também, fazendo derrisão, visa fazer enrubescer aquele que é objeto dela. E sendo este fim distinto dos outros, também o pecado de derrisão distingue-se dos já referidos." (S. Th. II-II, q.75, a.1, sol.)
O escárnio, portanto, é um ataque à autoestima do próximo. Homens e mulheres atacam a autoestima uns dos outros de modos diferentes. Homens quando querem tirar a autoestima das mulheres eles batem, se tornam grosseiros, violentos e traidores. Mulheres quando querem tirar a autoestima dos homens debocham. A esposa ideal nunca usa o deboche para diminuir ninguém. Mas como a feminista é o arquétipo da anti-esposa, então ela, casada ou não, sempre será rixosa, reclamona e, principalmente, debochada.
A mulher católica e realmente virtuosa nunca é debochada. Se a violência dos homens é o oposto da proteção que deveriam oferecer, o deboche das mulher é o oposto da brandura e docilidade que deveria apresentar, pois a mulher católica é caracterizada, principalmente, pela sua personalidade amável, como ensinava o imortal Pio XII:
A esposa é o sol da família com a clareza de seu olhar e a chama de sua palavra; olhar e palavra que penetram suave mente na alma, a vencem e enternecem, acalmam o tumulto das paixões, e levam ao homem a alegria do bem-estar e da conversação familiar, depois de uma longa jornada de contínuo e às vezes penoso trabalho, no escritório ou no campo, ou de imperiosos negócios no comércio ou na indústria. Seus olhos e sua boca lançam uma luz e um acento, que num raio têm mil fulgores e num som mil afetos. São raios e sons que brotam do coração de mãe, criam e vivificam o paraiso da infância e irradiam sempre bondade e suavidade, ainda quando advertem ou repreendem, pois as almas juvenis, que sentem com mais força, recolhem com maior intimidade e profundidade os ditames do amor.
A esposa é o sol da família com sua cândida natureza, sua digna simplicidade e seu cristão e honesto decoro, tanto no recolhimento e na retidão do espírito, como na sutil harmonia da atitude e vestimenta, no adorno e na postura, a um só tempo reservada e afetuosa. Sentimentos tênues, a dos traços do rosto, ingênuos silêncios e sorrisos, um condescendente movimento de cabeça, dão-lhe a graça de uma flor requintada e, no entanto, simples, que abre a corola para receber e espelhar as cores do sol. Oh! Se soubésseis que profundos sentimentos de afeto e gratidão suscita e imprime no coração do pai de família e dos filhos essa imagem de esposa e mãe! O anjos, que velam sobre as casas e ouvem as orações dela, impregnai de perfumes celestiais aquele lar de felicidade cristä!
Mas, que sucede quando a família está privada desse sol? Que sucede quando a esposa, continuamente e em cada circunstância, mesmo nas relações mais íntimas, não hesita em demonstrar quanto lhe pesa a vida conjugal? Onde está sua amorosa doçura, quando uma dureza excessiva na educação, uma suscetibilidade mal domada e uma frieza irada no olhar e nas palavras, sufocam nos filhos a alegria e o feliz consolo que teriam de encontrar na mãe; quando ela se limita a perturbar com tristeza e amargurar com voz áspera, com lamentos e repreensões, a confiada convivência no ambiente familiar? (Discurso do Papa aos Recém Casados – A Esposa e Mãe – Sol do Lar Doméstico, 11 de Março de 1942)
O Pe. Mathias de Bremscheid no livro "A Donzela Cristã" também ensina no mesmo sentido:
"Se o caráter possuir apenas inflexibilidade e firmeza, degenera em capricho e rigidez, e tornar-se-á desagradável e repulsivo. À firmeza cumpre aliar a brandura e mansidão.
Sê firme e inflexível no tocante aos princípios essenciais, e inabalavelmente fiel ao cumprimento consciencioso dos deveres; contudo, evita toda aspereza no trato com teus semelhantes e mostra-te afável e branda com todos.
...Assim deve ser a jovem virtuosa: firme nos princípios, tenaz e enérgica nas atitudes, avessa à insensibilidade e grosseira; compassiva e amável; indulgente e atenciosa; e assim, sua vida esparzirá felicidade, alegria, prosperidade e bênçãos.
Se quiseres adquirir esta doçura de caráter, impõe-te seriamente o esforço de combater, com energia, a tua natureza arrebatada e a tua propensão para a cólera. Habitua-se a falar e tratar com todos pacificamente e com brandura.
O Divino Salvador elogia a mansidão, dizendo: “Bem-aventurados os mansos, porque eles possuirão a terra”. (Mt., 5,4)
... Não te obstines na tua opinião, nem tomes facilmente resolução irrevogável em coisas secundárias, se não estiveres seguramente convencida diante de Deus, de que isso em quaisquer circunstâncias constitui um dever imutável.
Nas pequenas contrariedades e dissabores, não te exaltes intimamente, nem profiras palavras de enfado; domina-te, corajosamente e não permitas que se altere o teu humor. Se aprenderes desde cedo a aliar doçura e indulgência, à firmeza e energia, evitarás, muitos contratempos e situações dolorosas..."
As Sagradas Escrituras também reprovam a mulher irascível, rixosa e destemperada:
"Melhor é habitar no deserto do que com uma mulher impertinente e intrigante" (Pr 21,19)
"É melhor habitar um canto do terraço do que viver com uma mulher impertinente." (Pr 25,24)
"Goteira que cai de contínuo em dia de chuva e mulher litigiosa, tudo é a mesma coisa. Querer retê-la é reter o vento, ou pegar azeite com a mão. (Pr 27,15-16)
No livro "O Poder Oculto da Amabilidade", o Pe. Lawrence Lovasik afirma que a união íntima com Nosso Senhor faz desaparecer do cristão o hábito do deboche:
"A amabilidade é nossa imitação da Divina Providência. A amabilidade, para ser perfeita e duradoura, deve ser uma imitação consciente de Deus. Se você estiver sinceramente conformando-se à imagem de Jesus Cristo, a aspereza, a amargura e o sarcasmo desaparecem. A própria tentativa de ser como Jesus já é uma fonte de doçura dentro de você, fluindo com uma graça fácil sobre todos que estão ao seu alcance."
O mesmo é repetido pelo Pe. William Faber na obra "A Bondade":
"O conhecimento crescente do pouco que valemos, proporcionado pela união crescente com Deus sob o impulso da graça, torna-nos compreensivos com os outros. A aspereza, a amargura, a ironia mordaz, a meticulosa observação dos outros, a procura de motivos para menosprezar os outros - tudo isso desaparece quando alguém, seriamente, se conforma com a imagem de Jesus Cristo."
O exposto permite-nos dizer que a atitude debochada ou escarniciosa não deve ser um comportamento entre cristãos. A ironia, é claro, trata-se de um recurso retórico que pode evidenciar melhor o absurdo, mas o sarcasmo ou a ironia mordaz para humilhar, diminuir o próximo é um pecado mortal e não pode ser tolerado.
O deboche do feminismo católico
O feminismo, como dissemos, vive de escárnio. E o feminismo católico não é diferente. Ele é escarnecedor, rixoso e debochado. Nos debates, principalmente sobre modéstia, é comum ouvirmos comentários feministas debochados sobre mulheres tradicionais. Como dissemos no artigo "Conservadores católicos se rendem à imodéstia" é ínsito do feminismo católico o combate e a desconstrução da modéstia do vestir, visto que feministas, como boas liberais, valorizam acima de tudo a liberdade e a autonomia de padrões e regras no modo de vestir.
Nesse sentido, citamos, mais uma vez, o Pe. Bremscheid para ilustrar o ponto:
Não há muitas pessoas que condenam um padrão definido de modéstia no vestir?
Naturalmente, assim como um homem de negócios desleal condena uma lei honesta. Uma sociedade que destruiu os padrões tradicionais de modéstia no vestir, com dificuldade tomaria esforços para reimplantá-los, Mesmo católicos liberais se opõem a padrões específicos de modéstia no vestir. Isto em conseqüência de que o Liberalismo procura uma falsa liberdade em relação às leis, as regras, às regulamentações e a todo tipo de restrições.
Entretanto, queiram as pessoas admitir ou não, todas as suas vidas são reguladas por padrões de uma forma ou outra. Ha padrões para sapatos, padrões para pesos. Temos cores padronizadas e tamanhos, padrões de qualidade e mesmo padrões de tempo que nos são impostos pelo sol. Temos padrões de maneiras e de modos de agir que nos influenciam até mesmo nos minimos detalhes.
A cada passo somos confrontados com padrões. As pessoas aceitam isso sem questionarem, até o ponto, por vezes, de chegarem à escravidão e ao absurdo.
Porventura somente a virtude da modéstia deveria ser privada de ser regulada e protegida por padrões? Se estamos prontos para aceitar o que quer que as autoridades seculares nos imponham, muito mais devemos nós, católicos, estar prontos para aceitar "o que quer que Maria Imaculada aprove", o que é nosso lema da Cruzada.
A seguir mostraremos uma sequência de deboches do feminismo católico em relação a pessoas que defendem padrões e regras na modéstia do vestir.
1) "Seita do véu"
Uma das bandeiras do feminismo católico é a batalha contra o véu. Feministas odeiam o véu, porque a devoção do véu é a maior arma católica contra o feminismo. O véu lembra a mulher que há autoridades acima dela, Deus e o marido.
Assim, tem sido cada vez mais comum feministas debocharem de moças que usam véu rotulando-as de "seita do véu". Todavia, tal escárnio simplesmente não faz sentido.
Primeiro, não há qualquer sentido de se falar em "seita do véu" quando o uso dele é obrigatório, conforme demonstramos no artigo "O uso piedoso do véu não é mais obrigatório?".
Segundo, ainda que não fosse obrigatório, é a ausência do uso dele que sempre foi considerada pelos autores católicos, como Santo Tomás, como um costume reprovável entre as mulheres.
"Salvo que nem mesmo às mulheres casadas convém trazer os cabelos descobertos, elas que devem cobrir até a cabeça. Caso em que certas poderiam ser escusadas do pecado, se não procedessem assim por nenhuma vaidade, mas, por um costume contrário, embora tal costume não seja louvável." (S.Th. II-II, q. 169, a. 2).
O moralista Donald P. Goodman III no ensaio "Por Causa dos Anjos: Um Estudo do Véu na Tradição Cristã" assim comenta a posição de São João Cristóstomo a respeito de mulheres que não usam véu:
"São João Crisóstomo foi o mais prolífico e mais contundente de todos os Padres a respeito do véu. Tanto no que diz respeito à importância do que disse quanto ao rigor de seus ensinamentos, Crisóstomo foi de longe o mais inflexível em insistir sobre o véu para mulheres. Ele afirma inequivocamente que “estar sem véu é sempre uma reprovação” para as mulheres, assumindo assim uma posição ainda mais rígida do que a leitura de I Coríntios nos levou a pensar que o apóstolo assumia.
Crisóstomo argumenta que uma mulher deve “estar coberta cuidadosamente em todos os lados em todos os momentos'', baseando diretamente seu argumento no texto da Epístola de São Paulo. Para São João Crisóstomo, São Paulo regrava o uso contínuo do véu mesmo fora da oração. Ao invés de interpretar esse verso - “porque é como se estivesse rapada” - como uma analogia, ele afirma que isso é uma identificação dos dois estados, dizendo que “se estar rapada é sempre vergonhoso, também é certo que estar sem véu é sempre reprovável.”
E chega à seguinte conclusão:
O véu é uma bela e autêntica parte da Tradição Católica, que proclama numerosos e elevados aspectos de nossa santa religião e fornece um sinal nobre e óbvio de contradição ao mundo que tanto odeia a mensagem que nosso Deus trouxe para nós. A própria existência da hierarquia natural, o reconhecimento de que Deus está acima do homem, desapareceu de nossa cultura; em toda parte triunfa a afirmação de que todos os homens são iguais.
O véu mostra nossa oposição ao mundo e ao ethos libertino que a Modernidade fez triunfar. As forças dominantes do feminismo, panteísmo, hedonismo e igualitarismo recebem uma repreensão permanente pelo simples fato de uma mulher católica cobrir seus nobres e abençoados cabelos. O véu é um costume bonito e valioso; deve ser preservado onde existe e restaurado onde não existe, e daí estendido à sua plena e adequada prática em todo o mundo católico.
Portanto, se há uma "seita", isto é, um cisma da Tradição católica, esta é a "seita das insubordinadas", que não aceitam qualquer referência, mesmo que simbólica, da hierarquia familiar estabelecida por Deus.
2) "Seita da saia e do vestido"
Outra grande bandeira do feminismo é o uso de calças. Diremos, no entanto, que a defesa da calça pelo feminismo, neste caso, não é pela calça em si mesma. Feministas não defendem o uso de calças por acreditarem que elas são adequadas para as mulheres. Feministas defendem as calças porque elas acreditam num princípio liberal, isto é, que mulheres devem se vestir como elas quiserem.
Assim, se uma mulher deve se vestir como ela quiser, então, nesta mentalidade, faz todo sentido falar em "seita da saia e do vestido", já que a modéstia, na prática, não existe. Seria simplesmente uma coisa de "seita" exigir padrões de modéstia e pudor dos outros.
Mas, como mostraremos a seguir, é a ausência de padrões que traz as maiores confusões sobre o tema.
Recentemente, Glória Küster, consultora de imagem e estilo, uma pessoa que já tratamos brevemente aqui, após falar das calças, alertou seus seguidores, em seus Destaques no Instagram, que, na sua página não se encontrará regras de modéstia.
Ela prova assim o que dissemos: a defesa da calça não é pela calça, mas pela libertação de padrões em favor da autonomia pessoal (princípio liberal).
O pensamento de Glória, obviamente, atrai pessoas que pensam igual a ela. Em uma nova postagem no Instagram, Glória respondia uma pergunta que não tinha qualquer relação com a modéstia no vestir, e sim com moderação na compra de roupas. Contudo, o simples fato de responder uma pergunta que pudesse envolver escrúpulos e roupas, já acionou o gatilho do deboche feminista de suas seguidoras para ironizarem a "seita da saia".
Aline Brodbeck é dona do "Blog Femina" e muito conhecida por ser uma das primeiras influenciadoras católicas a combaterem padrões de modéstia do vestir, principalmente daqueles defendidos por católicos tradicionais. Agora, pelo que tudo indica, ela já aderiu ao método feminista do deboche, pois rotula os desafetos de "seita da saia".
Pois bem, faz sentido falar de "seita da saia" como Aline e tantas outras falam? Não, não faz.
Aliás, em que época da História humana mulheres afirmariam que o uso de saia ou de vestido é coisa de uma "seita" senão a nossa, a mais feminista da História?
Saias e vestidos são as autênticas roupas femininas, como saudosamente afirmou o Pe. Paulo Ricardo:
Ora, seria o Padre Paulo um integrante da "seita da saia"?
Não, absolutamente não. Ele apenas disse o óbvio: historicamente, o normal da mulher é usar saia e vestido. O anormal é se apartar deste padrão. A única "seita" propriamente falando é das mulheres que querem imitar os homens no modo de vestir, como bem advertiu o Cardeal Siri aqui, isto é, a "seita das feministas".
Donald P. Goodman III no livro "The Modesty Handbook" assim salienta a importância da restauração do uso de saias:
A saia é, portanto, um sinal importante do poder que pertence às mulheres nos seus papéis naturais, um poder que, embora não seja evidente como o dos homens, é, no entanto, insondavelmente grande. Não é um sinal do seu domínio, como seria descobrir as suas cabeças, mas é um sinal do poder inerente aos seus papéis, um poder comparável ao dos reis, mas menos grosseiro e óbvio. A saia parece ser mais adequada para as mulheres, pelo menos considerada desta forma.
Mesmo assumindo, no entanto, que a cultura é a única que determina especificamente o vestuário masculino e feminino, as mulheres ocidentais ainda assim fariam bem em usar saias em vez de calças. Como a cultura ocidental tem removido progressivamente todas as distinções de sexo em qualquer vestimenta que não seja a mais formal, por vezes, até colocando as mulheres em ternos e gravatas, é evidente que os próprios padrões culturais a respeito entraram em colapso. As mulheres católicas fariam bem, portanto, em tentar restabelecer a distinção sexual no vestuário, readotando aquilo que antes era aceito sem questionamento: saias como vestes masculinas e calças como masculino.
Portanto, quer a natureza ou a cultura determinem tipos específicos de vestimenta, as mulheres católicas devem usar a saia. As saias não são pesadas nem opressivas; o desconforto que às vezes oferecem é pelo menos igual ao causado pelas calças em outros momentos. As saias são, como a maioria das práticas modestas, simplesmente honestas; são simplesmente uma expressão da natureza feminina, aquela natureza que foi a fonte até mesmo das virtudes naturais da Santíssima Virgem. Nenhuma mulher católica poderia ter qualquer objeeção a isso." (p. 31-33)
Acrescentemos, ademais, que Aline Brodbeck e Glória Küster também não se entendem quando o assunto é definir o que é imodesto. O que não é nenhuma surpresa, afinal, elas são contra padrões. Vejamos um exemplo a respeito da opinião de ambas sobre o uso de calças rasgadas.
Aline em seu Blog Femina, em 08.11.2017, mostrou um dos seus looks com calças rasgadas estilo "destroyed" dizendo "Podemos ser modestas sem ser cafonas":
Já Glória afirma que o estilo "destroyed" das ripped jeans detonam a imagem pessoal da mulher:
E Glória justifica sua posição (ao nosso ver, corretamente) citando a obra Filoteia de São Francisco de Sales:
De fato, não se passava pela cabeça de São Francisco de Sales "estilos modestos" de roupas rasgadas. Na verdade, transformar roupas rasgadas em estilo de moda trata-se de uma das muitas revoluções para descontruir o que é belo.
Neste contexto, perguntemos: como alguém da "seita da saia" resolveria o impasse entre Glória e Aline sobre calças destroyed serem imodestas ou não?
Simples. Vestiria uma saia. O que ilustra a nossa conclusão: padrões ajudam na modéstia do vestir, entregar as pessoas ao seu próprio arbítrio atrapalha.
Podemos dizer com certa segurança que moças católicas que são contra padrões de modéstia são também completamente anárquicas no modo de vestir.
3) "Ana Francisca", "Incels"
O próximo deboche que iremos mostrar é de uma moça, dona de uma página no Instagram que fala sobre paternidade responsável e que adota um tom debochado (qual a novidade?) em suas postagens para criticar o que ela chama de "providencialismo".
Neste storie, a moça parece dar um aviso aos interessados em se relacionar com ela e que sejam envolvidos com apostolados de Missa Tridentina:
Evidentemente, a autora do comentário nunca refletiu seriamente sobre a busca da santidade, pois quantas santas se autodeclarariam "gostosas" para todos ouvirem?
A autora debocha ainda da modéstia de um grupo inteiro de mulheres rotulando-as de "Ana Francisca", personagem da novela "Chocolate com Pimenta". Este tipo de escárnio não é novo e já foi identificado em1944 pelo Pe. Bernard A. Kunkel no livro "Marylike Modesty Handbook of the Purity of Mary Immaculate":
Os padrões marianos não levam as mulheres a serem modestas de modo "ridículo"?
O diabo odeia mulheres "discretas, modestas e excelentes". Portanto, ele recorre à chavões e palavras de ordem, procurando levar as mulheres a aceitar roupas morais por medo do ridículo. O diabo associa a palavra "modéstia" com "trajes de Dona Benta" e tenta fazê-las crerem que a Cruzada Mariana defende saias abaixo do tornozelo jamais um centímetro a menos - e colarinhos até o queixo.
Muitas católicas têm um medo mórbido do ridículo, e permitirão que o diabo as conduza docilmente para escapar de ridículo. Contudo,ridículo não é um argumento de modo algum.Freqüentemente é o único recurso de pessoas que não estão sinceramente querendo ver a verdade. As Cruzadas Marianas, desafiando esta arma mortal do ridiculo, "ousam ser diferentes."
Por fim, a autora do storie escarnece de rapazes ligados à Missa Tridentina xingando-os de "incels" (celibatários involuntários) esquecendo-se, porém, que ambientes de Missa Tridentina são os mais prolíficos em casamentos e famílias numerosas.
Sabemos que essa moça é mãe. Perguntemos, então, o seguinte:
Se ela é casada, não bastava dizer educadamente aos rapazes interessados que está comprometida? Por que é preciso humilhar e se autodenominar "gostosa" para todos? Por que não usar a oportunidade para ser virtuosa e mostrar discreta e educadamente o valor do casamento?
Mas, se é mãe solteira, não seria ela própria uma "incel"? A menos que seja viúva, duvidamos muito que seu estado de solteira tenha se dado por razões voluntárias.
Perguntemos ainda:
Para que serviu essa exaltação desordenada do próprio ego e o deboche gratuito dos "inimigos"? Para que serviu destilar o veneno do escárnio? Para que serviu desferir golpes odiosos com a própria língua?
Respondamos já: Para absolutamente nada.
Vimos que essa atitude sarcástica, mordaz e de autoexaltação não é católica e muito menos adequada para uma mulher cristã. Uma mulher virtuosa deve desde cedo treinar sua docilidade, brandura e amabilidade. Deve com todas as forças extirpar de seu comportamento essa atitude "revoltada" e escarnecedora, já que se trata de um hábito destrutivo para o matrimônio e para a santidade.
É surpreendente como esta moça não repara a profunda desordem do seu comportamento. Citemos nesse sentido, novamente, as lições do maravilhoso livro "O Poder Oculto da Amabilidade":
"Mesmo quando a correção de um mal é necessária, o sarcasmo não serve a nenhum propósito útil; em vez disso, serve apenas para despertar profundo ressentimento. É a vontade de Deus que você respeite a integridade de seus semelhantes. Você não deve amontoar desprezo sobre eles, menosprezá-los, usar sua língua como uma ferramenta afiada contra eles."
"O remédio para o sarcasmo na raiva é a humildade, o sufocamento do seu ego e a honestidade em avaliar suas bênçãos e cruzes. Uma pessoa sarcástica tem um complexo de superioridade que pode ser curado apenas pela honestidade da humildade."
Quanto aos problemas morais mais comuns das redes sociais, eles são:
b) Atenta muito contra a mansidão. Muitas vezes leem-se coisas que não agradam e entra-se sempre em discussões infrutíferas, nas quais ninguém será convencido, mas no mínimo se perderá a paz. Frequentemente terminam em desavenças e ofensas contrárias à caridade, produzindo inimizades e ódios. Ocorre principalmente com publicações contra a Igreja, nos meios católicos. Mas com as pessoas não católicas as rixas acontecem a respeito das questões mais deploráveis.
Se as redes sociais estão sendo um meio para alimentar um comportamento escarnecedor, orgulhoso e feminista, não seria melhor não tê-las?
Conclusão
O deboche, o escarnecimento, a ironia mordaz não são comportamentos femininos. A moça católica é conhecida pela sua docilidade e brandura, pois tais virtudes são absolutamente essenciais para cultivar sua personalidade feminina e seus deveres como esposa, se vier a casar.
A feminista católica, contudo, é espiritualmente a anti-esposa. Ao contrário da amabilidade da esposa, a feminista será reconhecida pela sua acidez, amargura e sarcasmo. Usará principalmente o deboche como método de destruição da esposa ideal. Seu desejo profundo é a destruição da esposa tal como ensinaram os Papas e os santos.
Não estamos convencidos, contudo, que a maioria das moças do atual feminismo católico estejam totalmente conscientes do espírito que as move. Muitas promovem o feminismo sem perceber. As más companhias e influências são a principal razão de agirem assim.
Rezemos para que abram os olhos e retrocedam das suas atitudes.