A comunhão na língua, como ensinou Paulo VI na instrução "Memoriale Domini", foi um desenvolvimento oriundo de uma maior compreensão do mistério eucarístico e da reverência devida ao Sacramento da Eucaristia:
"Posteriormente, com uma (i) compreensão mais profunda da verdade do mistério eucarístico , de seu poder e da presença de Cristo nele, sobreveio (ii) um maior sentimento de reverência, para com esse sacramento e sentiu-se que se demandava uma maior humildade quando de seu recebimento. Foi, portanto, estabelecido o costume do ministro colocar uma partícula de pão consagrado sobre a língua do comungante.
Esse método de distribuição da Santa Comunhão deve ser conservado, levando-se em consideração a situação atual da Igreja em todo o mundo, não apenas porque possui (iii) por trás de si muitos séculos de tradição, mas especialmente (iv) porque expressa a reverência do fiel pela Eucaristia"
Se resumíssimos as razões dadas por Paulo VI para a comunhão na língua seriam quatro:
1. a compreensão mais profunda do dogma da Transubstanciação;
2. um maior sentimento de reverência do fiel;
3. a longevidade da tradição;
4. a demonstração inequívoca da piedade do fiel.
A comunhão na língua demonstra inequivocamente maior devoção ao sacramento e presume maior compreensão do mistério que ele exprime.
A comunhão na mão não goza dessa presunção. A comunhão na mão "reverente" não é presumida, mas deve ser demonstrada. Para que esta maneira de comungar seja minimamente lícita, a Igreja estipula que:
(i) os pastores se certifiquem que os fiéis saibam distinguir o corpo de Cristo do pão comum;
(ii) o fiel comungue na frente no sacerdote;
(iii) as espécies eucarísticas sejam unicamente a espécie do pão;
(iv) esteja afastado todo perigo de profanação entre os fiéis. Se houver risco, a comunhão será na boca;
(v) o fiel não tome por si a comunhão;
(vi) a permissão da Conferência Episcopal e a confirmação da Santa Sé.
Agora, para que ela seja mais reverente é recomendado ao fiel:
(i) fazer uma inclinação antes de comungar, se for receber a comunhão de pé;
(ii) comungar protegido com uma patena.
A quantidade de coisas que precisa ser feita para tornar a comunhão na mão minimamente lícita e reverente demonstra cabalmente que este modo de recepção da Eucarista não goza da mesma presunção de dignidade e ortodoxia da comunhão na língua.
No rito romano tradicional não é preciso sequer a pessoa reafirmar sua fé na Eucaristia dizendo "Amém" quando o sacerdote lhe apresenta o Corpo de Cristo. A postura de comungar na língua já diz tudo.
A superioridade da comunhão de joelhos
É possível defender que a comunhão de joelhos seja superior enquanto reverência a comungar de pé?
Sim, é evidente que sim.
Os gestos humanos significam coisas e alguns mais do que outros. Quem o nega relativista é.
Um exemplo disso é a linguagem dos afetos. Um homem que abrace uma mulher pode estar demonstrando estima e amizade por ela. Mas um homem que a beije nos lábios demonstra inequivocamente um gesto de atração sexual.
O mesmo ocorre nos gestos de devoção. Ajoelhar-se perante alguém sempre foi e sempre será a linguagem universal inequívoca da devoção.
As Escrituras o atestam:
"Vinde, inclinemo-nos em adoração, de joelhos diante do Senhor que nos criou." (Sl 94,6)
“Tudo isso te darei se, prostrado, me adorares." (Mt 4,9)
"Por minha vida, diz o Senhor, diante de mim se dobrará todo joelho, e toda língua dará glória a Deus." (Rm 14,11)
"Por isso Deus o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, no céu, na terra e debaixo da terra." (Fl 2:9-10)
"Por esta causa dobro os joelhos em presença do Pai, ao qual deve a sua existência toda família no céu e na terra." (Ex 3,14-15)
Não há dúvidas que ajoelhar-se é a linguagem física universal da devoção. É impossível questioná-lo. É autoexplicativo.
Muitos podem até dizer que ficar de pé pode ser um gesto de reverência. É verdade, mas tal postura não significa inequivocadamente devoção a não ser em contextos muito específicos.
Por isso, embora a Igreja permita a comunhão de pé no atual rito romano, ela recomenda que o fiel faça uma inclinação profunda antes (IGRM, n. 160).
Durante a consagração ajoelhar-se ou inclinar-se ainda é obrigatório:
"Ajoelhem-se, porém, durante a consagração, a não ser que por motivo de saúde ou falta de espaço ou o grande número de presentes ou outras causas razoáveis não o permitam. Contudo, aqueles que não se ajoelham na consagração façam uma inclinação profunda enquanto o sacerdote faz genuflexão após a consagração." (IGRM, 43)
Ou seja, a postura de pé, em regra, precisa ser complementada por outro gesto de reverência, pois não basta por si só.
Ajoelhar-se também significa uma atitude penitencial, o que é muito conveniente para o momento da comunhão. Afinal, a Eucaristia apaga uma multidão de pecados veniais e não sendo ela um prêmio para os perfeitos, mas remédio para os fracos, é conveniente que o pecador mostre fisicamente uma atitude penitencial.
Portanto, devemos dizer sem papas na língua: o desenvolvimento litúrgico do rito romano tradicional de exigir a comunhão de joelhos foi um progresso, sim, superior, que muitos outros ritos não tiveram.
Não é possível mais, sem cair num relativismo grosseiro, defender que a comunhão de joelhos e na boca é tão reverente quanto a comunhão de pé e na mão. Simplesmente não há igualdade entre as duas coisas.
No último dia 15.08.2024, a colunista católica Jules Freitag, de quem já tratamos brevemente aqui, publicou novos stories divulgando um desabafo de uma seguidora sua a respeito do véu:
A seguidora de Jules alega que sente vontade de frequentar a Missa Tridentina, mas que não suporta a "radtradice" de uma ver cartaz na entrada da Igreja sobre como os fiéis devem se vestir e o oferecimento de véu para as moças usarem.
Jules então complementa: "A Igreja Católica não obriga ninguém a usar véu. A Igreja Católica não obriga ninguém a usar saia midi. Sabem onde é que existe a obrigação de usar véu e usar saia abaixo de joelho? Na Contregação Cristã do Brasil. Repitam comigo: ser católico não é fazer cosplay da Congregação Cristã do Brasil."
Primeiramente, lidemos com o desabafo de sua seguidora, depois com Jules.
"Vaidade das vaidades"
Quantas toneladas de vaidade uma mulher precisa ter para deixar de receber os benefícios espirituais da Missa Tridentina, simplesmente porque não quer usar véu por 1 horinha, uma prática, no mínimo, prescrita pelas Sagradas Escrituras, ordenada pelos Papas e assumida por todas as católicas do mundo por 2 mil anos até a década de 70?
Por que para essas moças se adequar ao costume local por 1h é quase a morte? Se fosse um costume contrário à lei da Igreja ou mau, poderia-se entender. Mas trata-se de um costume imemorial e saudável para a dignidade da liturgia. A ojeriza a se adequar a ele por breves minutos revela a completa falta de humildade e o espírito de insubordinação dessas moças.
A moça ainda acha um absurdo um padre colocar um dress code em sua igreja. Ora, mas dress code é solicitado inclusive pelas autoridades civis em repartições públicas como indicamos aqui. Por que então a moça se revolta quando um padre, que detém maior autoridade que os poderes civis, estipula parâmetros de modéstia para entrar no templo?
Jules e sua batalha contra o véu
Jules complementa o comentário da seguidora com falsidades. Alega primeiramente que a Igreja não exige o uso do véu. Contudo, demonstramos no artigo "O uso piedoso do véu não é mais obrigatório" que esta afirmação é falsa.
Todavia, ainda que não fosse mais obrigatório, o uso do véu teria força vinculante nos lugares onde ele é costumeiramente utilizado, pois, segundo o cân. 28 do Código de Direito Canônico:
Cân. 28 — Salvo o disposto no cân. 5, o costume quer contra a lei quer para além dela, revoga-se por costume contrário ou por lei; porém, a não ser que deles faça menção expressa, a lei não revoga os costumes centenários ou imemoriais, nem a lei universal os costumes particulares.
Com efeito, ainda que o uso obrigatório do véu fosse contra legem (contra a lei da Igreja), como não houve sua expressa revogação ou publicada nova norma tornando-o opcional e sendo ele um costume imemorial e centenário, o seu uso continua vigente e vinculante nos lugares em que é costumeiro.
Portanto, prova-se mais uma vez que, ainda que o uso do véu não fosse obrigatório na maioria das paróquias, ele o seria em ambientes que costumeiramente se guarda essa disciplina.
Pergunta-se, ademais: Seria pecado não usar véu nesses ambientes?
A resposta é depende. Se uma moça não cobre os cabelos por puro desaviso, não peca. Contudo, se rejeita cobri-los por desprezo ao costume local ou para espalhar uma moda contrária, peca. Neste sentido, ensina Antonio Royo Marín a respeito de vícios contra a modéstia no vestir:
"Vícios opostos. Embora contra esta, como contra as demais virtudes, seja possível pecar por excesso ou por falta, há muitas maneiras de incorrer em um ou outro extremo. Eis aqui as principais desordens que Santo Tomás aponta em um artigo escrito há sete séculos, e que é hoje de palpitante atualidade (II-II, 169, 1).
1ª Quando no modo de vestir se contrariam os salutares costumes de um povo. E cita as seguintes palavras de Santo Agostinho: "Uma convenção estabelecida em uma cidade ou em um povoado, seja pelo uso ou pela lei, não pode ser pisoteada pelo capricho de um cidadão ou de um estrangeiro." Meditem-no as autoridades encarregadas de velar pela moralidade pública diante da invasão desavergonhada de tantos "turistas" estrangeiros." (Teologia Moral para Leigos, n. 512.2)
Jules, por fim, diz: "Sabem onde é que existe a obrigação de usar véu e usar saia abaixo de joelho? Na Contregação Cristã do Brasil. Repitam comigo: ser católico não é fazer cosplay da Congregação Cristã do Brasil."
Corrijamos Jules. A obrigação de usar véu foi originalmente ordenada por São Paulo, um católico. Depois reiterada por São Lino Papa, um católico. Após ensinada pelos Santos Padres e os Escolásticos, todos católicos. Por fim, o Papa Bento XV, um católico, prescreveu o uso do véu no CDC 1917. Portanto, o uso bimilenar do véu prova que ele nunca será uma imitação ou um "cosplay" da Congregação Cristã, fundada apenas no século XX. O deboche de Jules é uma depreciação objetiva e mentirosa de um costume totalmente católico.
Jules também erra sobre os vestidos que cobrem o joelho. Entende ela que só existe a obrigação de cobri-lo na Congregação Cristã do Brasil. Não, Senhora. A Igreja também prescreve a mesmíssima coisa.
Papa Pio XI em 1930:
“Recordamos que um vestido não pode chamar-se decente se tem um decote maior que dois dedos abaixo da concavidade do colo, se não cobre os braços pelo menos até o cotovelo, e escassamente alcança um pouco abaixo do joelho. Ademais, os vestidos de material transparente são inapropriados.” (12 de janeiro de 1930)
"Homens: calças pelo menos na altura do joelho. No verão é possível usar calças curtas mas os joelhos devem estar cobertos.
Mulheres: é proibido aparecer com as mangas descobertas. No verão a solução pode ser trazer um cardigan ou uma ombreira para usar dentro dos Museus. Calças ou saias devem cobrir até o joelho. É absolutamente proibido usar top que deixe a barriga aberta"
Durante a missa na Basílica de São Pedro, homens e mulheres são obrigadosa cobrir seus joelhos e ombros. Os homens podem usar calças e camisas, enquanto as mulheres podem usar saias longas ou vestidos, devendo ambos cobrir os joelhos.
As mulheres podem usar chapéus para a missa, entretanto, os homens devem tirar os chapéus antes de entrar na Igreja.
A Basílica de São Pedro inclusive já adotou cartazes ilustrativos sobre como as pessoas devem se vestir:
Notemos que essas orientações são dadas não por causa de algum costume local, mas porque os espaços são sagrados e merecem respeito.
Basta. O exposto é suficiente para demonstrar o ridículo que Jules e de sua seguidora estão passando. Essas moças estão chamando a Igreja Católica de cosplay de CCB, isto é, de seita herética, por causa de hábitos e costumes perfeitamente normais em um católico.
O fato de estarem agindo assim só indica o quão apartadas estão de amizades e comunidades eclesiais minimamente saudáveis e conectadas com a Tradição perene da Igreja.
As causas do ódio ao véu
Já expusemos devidamente o erro de Jules e de sua seguidora. Mas a pergunta que nos sobra é: por que a católica moderna é tão avessa ao uso do véu?
Consideramos algumas causas prováveis do fenômeno. Ei-las:
1. Feminismo. A mentalidade igualitária do feminismo que hoje sufoca o mundo não deixou ilesa as católicas, mesmo as que se dizem conservadoras. Conforme temos exposto neste blog, são inúmeras as católicas conservadoras que demonstram ter uma mentalidade tipicamente feminista sobre as coisas. O uso do véu lembra a católica que o mundo não é igualitário e o mero símbolo que o véu traz de uma autoridade acima da cabeça da mulher a incomoda profundamente, pois a principal característica da mulher moderna é a insubordinação e a falta de docilidade. Mulheres, ademais, são ensinadas desde criança a serem iguais aos homens em tudo, isto é, no modo de vida e na maneira de vestir. A simples sugestão de que devem se vestir diferente é, para elas, altamente ofensiva. O que explica a seguidora de Jules se ofender com o simples oferecimento do véu. Católicas feministas um pouco mais formadas podem até aceitar as razões do uso do véu, mas nunca usarão. Impera em suas mentes o princípio "amulher deve se vestir como ela quiser".
2. Liberalismo. A ideia de que o homem é liberto de normas e de Deus inundou a mente das católicas. Ainda que elas não rejeitem Deus e a Igreja, muitas terão um liberalismo mitigado expresso com uma profunda desconfiança das regras, dos padrões e dos princípios. Chamarão tais coisas de "rigorismos" e "moralismos" excessivos, mas nunca apresentarão os critérios que consideram normais e corretos. Muitas chegam ao cúmulo da contradição, que só poderíamos representar por meio da seguinte sátira:
23h59: Modéstia é se conformar com o costume local. Por isso é válido usar biquíni na praia e legging na academia.
00h00: Não vou usar "paninho" na cabeça. Não sou obrigada. Dane-se a Missa Tridentina, dane-se o costume.
3. Vaidade. O uso do véu transporta para a mulher uma aparência de pureza e, principalmente, de inocência. A mulher moderna repudia a inocência feminina, pois aprecia a rudez masculina. Ela precisa ser a "mulher forte", a mulher "sabe tudo". Num mundo feminista, a inocência, neste caso, é uma fraqueza, uma humilhação. Portanto, para uma católica moderna, é melhor nunca ver um rito venerável como a Missa Tridentina do que passar a impressão de que é frágil.
4. Moda. Muitas católicas rejeitam o véu porque o consideram, assim como Jules, "brega", "cafona", "fora de moda", coisa da Congregação Cristã. Possuem medo de parecerem ridículas. Assim, rejeitam o véu por acharem que ficarão bregas ou porque sua beleza ficará escondida dos outros. Devemos, no entanto dizer, que tudo isso é puravaidade. Não lhes passa pela cabeça que cobrir a cabeça nunca foi uma questão de moda, mas de respeito para com o marido e de devoção para com Nosso Senhor. E que é perfeitamente louvável usarmos alguma roupa que desgostamos, se o fizermos por penitência ou por reverência a Deus, como ensina Santo Tomás:
"Não peca sempre quem usa de roupas mais vis que a dos demais. Assim, se o fizer por jactância ou soberba, julgando–se superior aos outros, cai no vicio da superstição. Se, porém, proceder desse modo para mortificar a carne ou por espírito de humildade, praticará a virtude da temperança. Por onde, diz Agostinho: Quem usa das coisas mais estritamente que o permitem os costumes daqueles com quem convive, ou é temperante ou e supersticioso. – Mas sobretudo cabe usar de roupas mais vis aqueles que exortam os outros, pela palavra e pelo exemplo, à penitência. Por isso, uma Glosa ao Evangelho diz: Quem prega a penitência traga um hábito de penitente." (S. Th. II-II, q. 169, a.1, ad 2)
Portanto, uma mulher que acha brega o véu, mas o usa por reverência a Nosso Senhor, pratica verdadeiramente a humildade e têm muito mérito perante Deus.
5. Consciência laxa. Por ser filha do liberalismo, a mulher moderna tende a ser laxa nos hábitos. Quando já se está acostumada a vestir biquínis ou leggings para mostrar o corpo, tirar fotos na academia e mostrar no Instagram, esconder a si mesma num véu é quase uma repreensão. De fato, o uso do véu é muito duro para quem tem consciência laxa, principalmente acerca da modéstia.
6. Igualitarismo no Novus Ordo. Nas paróquias do Rito de Paulo VI, exceto a celebração da Eucaristia e a pregação do Sermão, nenhuma outra função é exclusiva de homens ou de mulheres conforme a conveniência de cada sexo. Todos fazem tudo. É muito mais difícil demonstrar que mulheres não são iguais a homens, porque, de certa forma, o rito imita o modo de vida da mulher moderna. No Rito Tradicional, ao contrário, meninos servem o altar e mulheres usam o véu. Não há espaço para ideologia de gênero.
7. Paróquias ruins. Quase nenhuma paróquia hoje em dia ensina sobre a importância das devoções tradicionais da Igreja. Talvez, a devoção mais negligenciada na formação paroquial seja a do véu. Moças que nunca tiveram o exemplo de suas paróquias têm imensas dificuldades de acolher o uso do véu. Muitas delas se sentem envergonhadas de usarem o véu sozinhas. Contudo, é preciso dizer que se não começarem o bem nunca será feito. Os tempos modernos, infelizmente, requerem de nós um espírito audaz e sacrificial até mesmo para fazer o bem.
8. Animosidade desordenada contra grupos tradicionais. Há moças que não usam véu por animosidade descontrolada contra grupos tradicionais. Tais moças odeiam tradicionalistas a tal ponto que não suportam sequer a ideia de se assemelharem a uma mulher vinculada a eles. Não são capazes de fazer a distinção de que o véu é um patrimônio católico, não desde grupo ou daquele. Ademais, a incapacidade de ver inclusive as virtudes dos seus desafetos as impedem de olhar a importância do uso do véu com a devida racionalidade.
Remédios
Para todos os problemas citados acima o remédio é o uso do véu e o estudo da sua devoção. Não nada mais poderoso contra o feminismo e a vaidade do que o véu. Nada mais eficaz contra a laxidão, o liberalismo, a animosidade desordenada contra tradicionais do que o uso e o estudo do véu.
O estudo do véu releva as verdades sobre o matrimônio, sobre a ordem da criação, a nossa devoção para com Deus e sobre a virtude da temperança.
Uma católica de boa consciência nunca irá depreciar o véu piedoso ou tratá-lo como algo não católico. Rezemos para que as moças que assim agem compreendam o mal que dizem e fazem e se juntem a nós pela restauração dessa salutar e poderosa devoção.
Na época em que era chefe do Prefeito da Congregação do Culto Divino, o Cardeal Robert Sarah pensou muito e profundamente sobre o papel que a liturgia desempenhava na formação dos católicos. Ele passou um tempo não apenas refletindo sobre os frutos de uma formação litúrgica adequada, mas como a liturgia, quando abordada de forma errada, poderia formar católicos de forma não intencional. Em uma conferência litúrgica de 2017 em Colônia, o prefeito alertou sobre uma liturgia que era uma ocasião para divisões odiosas, para confrontos ideológicos e para humilhações públicas dos fracos por aqueles que afirmam ter autoridade, em vez de ser um lugar da nossa unidade e da nossa comunhão no Senhor
Nisto, o Cardeal Sarah estava discutindo a temida “guerra litúrgica” que vem acontecendo, com intensidade diferente, no Rito Romano desde a promulgação do Novus Ordo Missae por Paulo VI em 1969. Entre alguns dos católicos mais fervorosos, a liturgia se tornou não uma ferramenta de adoração a Deus, mas uma linha de batalha em uma batalha maior sobre como a Igreja aborda o sagrado. Como muitas guerras de trincheiras, muito pouco é realizado por ela além de baixas. Ninguém gosta da guerra litúrgica. No entanto, apesar desse ódio sem fim, a guerra litúrgica é tão desagradável em 2024 quanto era nas décadas de 1990 e 2000. Por quê?
Ao expor tal teoria, vou adotar uma posição que pode irritar alguns tradicionalistas. Vou assumir a posição de que a maioria dos indivíduos envolvidos no Novus Ordo (com algumas exceções) eram indivíduos bem-intencionados, mas equivocados. Vou sustentar (com algumas exceções) que as ações dos Papas desde o Concílio foram sinceras, mas, uma vez que se basearam em uma aposta falha, sinceramente erradas. Isso pode não ser para você. Que assim seja.
Minha teoria da guerra litúrgica não se baseia em "qual é superior", mas em algo decididamente não litúrgico. Paulo VI e outros ao seu redor acreditavam que os frutos da nova liturgia seriam autoautenticados. A reforma seria um bem óbvio que todos amariam, mesmo que demorasse alguns anos. Como parte do incentivo a esse amor, Paulo VI ordenou que os padres queimassem seus navios quando pisassem no novo mundo. Ele proibiu funcionalmente todos os padres do Rito Romano (com algumas exceções) de celebrar o antigo missal. Não haveria como voltar atrás, nenhuma introspecção, nenhuma revisão sobre se as reformas funcionaram ou não. Até mesmo sugerir que tais reformas deveriam ser medidas era questionar a capacidade do Papa de guiar a Igreja na adoração. O Papa não suprimiu formalmente a Missa Tradicional. Por que é uma incógnita. Sou da posição de que é uma proposição canônica arriscada suprimir, para todos, algo lícito e celebrado pela Igreja por séculos. Entrar nessa discussão coloca o propósito da lei da igreja, e da disciplina da igreja, de cabeça para baixo. Então ele tentou outros assuntos para obter aceitação. Para ser claro, aceitação é o que ele obteve.
A esmagadora maioria dos católicos aceitou a nova missa. Eles entenderam que agora era a missa que eles assistiriam todo domingo. O que eles nunca fizeram foi abraçar a Nova Missa. As reformas litúrgicas não levaram a um fiel católico participando mais profundamente da missa. Não levaram a uma compreensão mais profunda. Não levaram a um fervor maior. Em suma, as coisas que ela alegava que seriam melhoradas em relação à missa latina não aconteceram em substância. O que restou foi a preferência pessoal. As reformas se tornaram grandes não por causa do que elas entregaram, mas por causa do que elas permitiram: maior expressão pessoal, uma elaboração de uma missa em direção aos desejos dos fiéis. Por "desejos dos fiéis", quero dizer os desejos de uma burocracia litúrgica que acreditava ser a geração mais santa de católicos de todos os tempos, e o mundo deve experimentar seu brilhantismo. Quer eles quisessem ou não.
A Nova Missa sobreviveu somente com base no decreto papal. Para o revolucionário que queria mais mudanças, tais decretos significavam pouco. Para muitos católicos que só queriam encontrar um momento de paz e solidão para encontrar Deus aos domingos, esse decreto papal também não significava muito. A Nova Missa existia. Ela não iria embora. No entanto, ela nunca foi amada. Como ela nunca foi amada, isso também significava que a Missa Tridentina também nunca iria embora.
Diante dessa realidade (e foi uma realidade que eles encontraram dentro de uma década de 1969), a Igreja lutou para lidar com o fato de que uma previsão do ofício papal, com todo o poder da autoridade canônica, não aconteceu . Nesse ponto, a Igreja ganhou tempo. Eles concederam indultos a alguns na Inglaterra e no País de Gales. Acordos individuais foram feitos. Padres em situações canônicas ambíguas eram desaprovados, mas muitas vezes deixados em paz. Em 1984, Roma emitiu regras para indultos, baseadas na firme crença de que dentro de uma geração, aqueles que quisessem a missa tridentina estariam mortos. Em 1988, com a excomunhão de Marcel Lefebvre, essa situação se tornou impossível. Nesse ponto, o status da missa latina não estava mais sob o controle da Igreja e de seus bispos. No entanto, a Igreja também não podia admitir que sua aposta estava errada. Se estivesse errada, então a própria reforma litúrgica poderia ser questionada em uma questão fundamental.
Eles então tentaram abordar as críticas estéticas defendendo uma "reforma da reforma", que tentava adicionar de volta muitas das coisas que por décadas o papa, bispos e conselheiros litúrgicos demonizaram como pertencentes a um museu ou cemitério. Tudo o que a reforma da reforma fez foi levantar a questão fundamental: se podemos ter latim, ad orientem e comunhão enquanto nos ajoelhamos na grade, por que não podemos simplesmente ter a missa tradicional em latim?
Quando Bento XVI ascendeu ao trono, ele entendeu que a Igreja não poderia responder a essas perguntas, a Missa Tridentina não iria embora, e a quantidade de fiéis que se voltavam para ela estava crescendo. Enquanto isso, com igual intensidade, o desejo de proibir a Missa Tradicional estava evaporando. Como fazer isso sem admitir um erro? Aqui, o brilhante teólogo tropeçou em uma grande brecha. Já que Paulo VI simplesmente deixou de lado a Missa Tradicional, ele a deixaria de lado. Ela existiria ao lado da Forma Ordinária, e os fiéis e padres poderiam decidir por si mesmos. Ele queria resolver a discussão se afastando dela completamente. Ele declarou vitória, não para uma forma ou outra, mas para a diversidade litúrgica, e então foi para casa.
Se pareço insincero, não é minha intenção. É preciso ser um homem notável para admitir que tentativas anteriores do papado de resolver essa questão só pioraram a situação, então não vou fazer isso. Joseph Ratzinger foi facilmente o teólogo mais talentoso do século XX, e esse conhecimento o tornou ciente das limitações da Igreja e de sua pessoa. Embora não tenha sido uma decisão perfeita, foi um cessar-fogo na guerra litúrgica, com uma paz temporária negociada. Deixe o mundo recuperar o fôlego, e então negociaremos uma nova paz.
O problema com essa abordagem é que havia uma escola de indivíduos na Igreja que queriam continuar a ofensiva. Toda essa conversa sobre paz era equivocada. Se você fizer as pazes com o passado, o passado retornará. Se você permitir o passado como uma opção aceitável, ele sempre estará lá, esperando para ser adaptado aos tempos modernos, como uma alternativa ao que quer que o presente esteja fazendo. Embora não saibamos se ele sempre foi dessa escola, em 2019, estava claro que Jorge Bergoglio, agora Papa Francisco, foi convertido a essa visão de mundo. Sua geração estava morrendo. Ele próprio estava morrendo. Sua estrela estava em declínio. O que acontece quando eles morrem, e esse passado que Paulo VI tentou forçar as pessoas a ainda existe? Quando Francisco perguntou aos bispos do mundo se eles entendiam a ameaça que a missa tradicional representava para a unidade da Igreja, a maioria deu de ombros. Então ele emitiu Traditionis Custodes, para tentar forçá-los a ver a ameaça. Quando eles ainda não viam, ele tentou medidas cada vez mais coercitivas para fazer os bispos e os fiéis verem. No entanto, o problema fundamental permaneceu: ninguém ama a alternativa. Eles a aceitam. Eles constroem suas vidas em torno dela. A Nova Missa é parte da experiência católica das 9h às 17h. No entanto, eles não a amam.
Esta é a verdadeira raiz das guerras litúrgicas. Uma geração de líderes (do papa para baixo) operou em uma aposta. Eles continuaram a aumentar as apostas, finalmente indo all-in. Eles perderam, e agora devem voltar para casa e explicar à família por que eles não têm mais um carro ou uma casa, e como eles terão que se adaptar à família perdendo suas camisas. Não se preocupe, você aprenderá a gostar disso. (Ou como um autor católico popular disse uma vez, nós pecadores merecemos uma liturgia feia.)
Neste blog já dedicamos algumas postagens para explorar a nova onda pandêmica entre católicas conservadoras: o feminismo.
Buscamos identificar padrões e argumentos de feministas católicas da forma mais abrangente possível e respondê-los, contudo, parece que o besteirol e o lixo feminista é interminável e a cada dia se renovam novos delírios e novas problematizações por moças profundamente afundadas no feminismo e na confusão mental.
O novo delírio feminista agora é da socióloga Geisiane Cristina Freitas, pesquisadora das relações raciais e de gênero, e da influencer Jules Freitag, colunista do site Church Militant e do Jornal BSM de Bernardo Küster.
Geisiane parece ser a típica "feminista acadêmica", ou seja, aquela que vela seu feminismo implícito em "pesquisas" e explicações sociológicas que quase sempre tem como "resultado" a reprovação das posições católicas sobre a mulher, algo que outras moças como Preta de Rodinhas e Letícia Barbano também fazem. Em outro momento explicaremos melhor sobre esse perfil. Já Jules é puro suco do que chamaremos aqui de "feminismo olavético", isto é, da católica outrora conservadora, mas que agora se reduz a criticar o conservadorismo de modo desbocado, debochado e revoltado.
Como dissemos em algumas oportunidades neste blog, o feminismo católico é completamente avesso a padrões de feminilidade, principalmente quando o tema é modéstia, tendo em vista a sua origem liberal. Por isso procura rotular padrões perfeitamente adequados para mulher (Ex: mulheres que usam véu, vestido e que trabalham dentro do lar) como uma "caricatura".
Geisiane e os "Homens de Verdade"
Uma nova variante desse ódio aos padrões foi apresentado por Geisiane e Jules. Geisiane possui um Destaque em seu Instagram chamado "Caricatura" e nele a socióloga critica o que chama de "feminilidade instagrâmica". Geisiane indica que "feminilidade instagrâmica" seria o conjunto dos perfis que reduzem a feminilidade a "ferramentos externas" e ao trabalho no lar. Ela considera que esses perfis agem igual o feminismo que compreende a feminilidade como uma "performance social".
Quanto à feminilidade externa, Geisiane não deu exemplos de perfis que reduzem a feminilidade apenas aos aspectos externos. Tudo o que sabemos é que a socióloga "surtou" quando o influenciador João Menna afirmou que mulheres deveriam andar maquiadas dentro de casa. Segundo Geisiane, o influenciador não estaria compreendendo a realidade da maioria das mulheres brasileiras e que ele ficar se importando com isso seria coisa de "tchola".
Contudo, nos perguntemos: é um tremendo absurdo a opinião de João Menna?
Aqui lembramos de um famoso caso narrado por Dom Rafael Llano Cifuentes em seu livro "Crises Conjugais". O bispo conta a história de Gilberto e Cida, um casal do qual ele era diretor espiritual. Narra Dom Rafael que numa direção Gilberto fez a seguinte reclamação:
"O meu casamento entrou em crise. Morro de tédio e monotonia. Todos os dias, quando me levanto, vejo a Cida despenteada, sem se arrumar, horrorosa, com os pés enfiados nuns chinelos horríveis que não troca faz quinze anos, arrastando-se pelos corredores, cansada... Abro a porta do quarto e encontro as crianças, que já são adolescentes, discutindo, brigando... A minha casa parece um zoológico...
«Depois, chego ao escritório e encontro lá a Mônica, uma estagiária. O panorama muda da água para o vinho. Ela é encantadora. Acho que tem uma queda por mim... Aproxima-se, charmosa...: "O senhor parece cansado...; não quer que lhe traga uma aspirina com uma coca-cola?" E afasta-se com um andar cadenciado que me arrebata... Estou perdendo a cabeça... Em casa, sinto-me acorrentado... Tenho necessidade de libertar-me. Por que condenar-me à prisão de um amor que já morreu? O contraste entre a Mônica e a Cidinha é muito forte... Não sei, não..." (p. 89)
A solução de Dom Rafael foi chamar Cida e dar-lhe o seguinte conselho:
"Veio a Cida, toda inocente, desarrumada, despenteada:
- Cida, por favor, arrume a «fachada» e... compre outros chinelos!
A Cida era inteligente. Foi ao cabeleireiro, comprou roupas novas, uns chinelos novos, tornou-se mais carinhosa com o Gilberto, preparou as «comidinhas de que ele gostava... e terminou «reconquistando» o marido."
O conselho de Dom Rafael é essencialmente o mesmo de João Menna. A esposa deve se adornar para agradar o marido. Se é com maquiagem, penteado bem feito ou com roupas melhores dependerá do gosto de cada marido, mas o conselho é espiritualmente o mesmo.
Nesse sentido ensinava o Doutor Angélico:
"Pode contudo, a mulher aplicar–se licitamente em agradar ao seu marido, afim de que ele, por desprezo, não venha a cair em adultério. Por isso diz o Apóstolo: A mulher casada cuida das coisas que são do mundo, de como agradará ao marido." (S.Th. II-II, q. 169, a. 2).
Da mesma forma, São Francisco de Sales em "Filoteia"
"Uma mulher pode e deve se efeitar melhor quando está com seu marido, sabendo que ele a deseja." (A decência dos vestidos, cap. 25)
Será que essas moças adoentadas pelo feminismo irão brigar com Santo Tomás, São Francisco de Sales e Dom Rafael por eles serem "incompreesivos" com a realidade da mulher brasileira?
Ademais, há outra razão para o adorno de mulheres quando estão com seus maridos: favorecer a união mútua mediante o débito conjugal.
Uma mulher que não se cuida ou que é arrebatada pela rotina e se esquece frequentemente de adornar-se para o marido, geralmente, não está com o débito conjugal em dia e pode criar uma crise no seu casamento.
"Homens de verdade"
Muitas mulheres, no entanto, preferem negar essa realidade. Elas possuem a ingênua crença de que devem ser amadas por si mesmas sem precisar que façam ou se esforcem para alguma coisa. Assim, quando lhe são mostrados os deveres que devem cumprir ou os esforços que precisam fazer para manter um casamento, muitas delas apelam para a figura do "homem de verdade". O "homem de verdade" seria aquele que ama sua mulher sem que ela precise fazer nada para ser amada ou desejada. Portanto, um homem que não desejasse sua mulher nessas condições seria menos homem ou um "tchola", um "boiola", um "viado". Esse expediente é apenas uma variação de deboche, mecanismo amplamente usado pelo feminismo católico como dissemos no artigo "O Deboche como Arma do Feminismo Católico".
Este recurso foi utilizado por várias influenciadoras que acompanharam a polêmica como, por exemplo, a própria Geisiane, a pedagoga Ana Paula Sousa (@pur.ana), entre outras. Todavia, o melhor exemplo desse expediente talvez tenha sido o da professora de filosofia Natália Sulman, que fez uma postagem intitulada "O homem quer ver sua mulher sem roupa, não com maquiagem" e nela ela dá a entender que "homens de verdade" desejam suas mulheres bastando que elas sejam elas mesmas. Se isso não for suficiente, então "algo está de errado com ele".
Contudo, como vimos, o adorno das mulheres para os maridos é orientado e mesmo ordenado por santos doutores e padres de larga experiência de direção espiritual, considerando a natureza masculina de ser muito visual. Certamente, se Cida ouvisse os conselhos de Natália Sulman e cia e não de Dom Rafael Llano Cifuentes, o casamento com Gilberto teria acabado.
O que nos leva à seguinte conclusão: mulheres que não fazem caso da sua "feminilidade externa" estão a um passo de destruir também a sua feminilidade interna, pois destroem o seu casamento e consequemente a boa vivência da maternidade.
Curiosamente, Geisiane, Natália e cia aplicam o mesmo veneno que dizem repelir: rejeitam qualquer enquadramento de feminilidade enquanto aplicam um enquadramento de masculinidade.
Quanto ao trabalho externo da mulher casada, Geisiane diz que não há nada mais feminino do que uma mulher sair de casa para trabalhar em prol dos filhos e pede para que as mulheres valorizem a sua própria realidade. Porém, como demonstramos no artigo "Trabalho da Mulher Casada e a Direita Feminista", a Igreja não presume lícito o trabalho fora do lar e o considera, em regra, uma injustiça social contra a mulher, porque a priva do reto cumprimento dos seus deveres domésticos e maternais, deveres estes que performam a sua autêntica feminilidade, pois foi para ser mãe que a mulher foi criada, não para ser escrava de inúmeros patrões. Como diria o Papa Francisco:
A realidade é que «a mulher apresenta-se diante do homem como mãe, sujeito da nova vida humana,que nela é concebida e se desenvolve, e dela nasce para o mundo». O enfraquecimento da presença materna, com as suas qualidades femininas, é um risco grave para a nossa terra.” (Amoris Laetitia, 173)
O correto, portanto, não seria valorizar a realidade decaída, mas tentar sair dela.
Jules: Padrão de Feminilidade Causa Transexualismo
Jules, por sua vez, pega o gancho de Geisiane e afirma que a "feminilidade instagrâmica" favorecerá o aumento de transexualismo em uma sequência de stories:
Jules bate numa genérica "caricatura de feminilidade católica", mas não define o que é a feminidade católica autêntica. Traduzamos então o que ela provavelmente quer dizer: não existem padrões fixos de feminilidade. Entende ela que padrões fixos ajudam a fortalecer o movimento trans, porque uma moça confusa que não se visse nesses padrões se enxergaria como um "homem".
O argumento, no entanto, é um absurdo completo. O que sempre fortaleceu o movimento LGBT e a ideologia de gênero nunca foi o estabelecimento de padrões de feminilidade, mas a destruição deles, o qual o feminismo é o principal contribuinte. O feminismo é o maior defensor da "diversidade" quando o assunto é feminilidade. E é exatamente o que Jules está fazendo. Ela acusa perfis católicos de serem muito "rígidos" na definição de feminilidade e, consequentemente, de mulher, como se houvesse uma infindáveis variações de feminilidade e não algo que pudesse ser condensado numa pessoa só, a saber, na Virgem Maria, e imitado por tantas outras pessoas.
A menos que Jules mostre ou defina o que é a sua ideia de autêntica feminilidade, o seu ataque à "feminilidade católica" só tem um efeito: fazer muitas moças desistirem de buscarem ser mais femininas. Em outras palavras, é Jules que estará favorecendo o Movimento Trans.
Conclusão
O que notamos tanto no comportamento de Geisiane, Jules e de outras moças conservadoras é cada vez mais a rejeição de algum conceito de feminilidade. Se alguém defender que mulheres devem voltar a usar saia e vestido como sempre usaram, alguma delas dirá que isso é "cagação de regra" da "seita da saia". Se alguém disser que as famílias deveriam lutar para que as mães não precisem trabalham fora, então alguma feminista católica dirá que tal pedido é reduzir a mulher a um papel burguês do século XIX. Se alguém disser que a mulher deve estar bonita para o marido, alguma delas também dirá que isso é um desrespeito com as "mães trabalhadoras" que não tem tempo pra se olhar no espelho. Ou seja, de pouco em pouco, evapora-se qualquer conceito possível de feminilididade que não seja apenas as diferenças anatômicas entre homem e mulher. Não lhes basta compreender que um ideal de feminilidade deve existir e que os casos concretos serão analisados segundo as circunstâncias concretas. Não, é preciso atacar o ideal. É preciso rotulá-lo de "cagação de regra" contra a mulher, é preciso chamá-lo de "caritura", é preciso ainda fazer múltiplas "problematizações", para que o ideal não seja vivido nem tentado.
Há certa de 3 anos Kyle Thompson do canal do Youtube "Undaunted. Life" realizou um podcast com o tema "Contemporary Worship Music is for Women and Effeminate Men" ("A Música de Adoração Contemporânea é para Mulheres e Homens Afeminados").
Segundo Kyle, os problemas do Worship cristão contemporâneo seriam estes:
1. É divisivo. É voltado para o público jovem. A pessoa só vai à igreja se esta tiver o estilo worship.
2. É egocêntrico, pois se volta inteiramente para o "eu".
3. É afeminado. Trata Cristo/Deus como um namorado.
4. Esconde a face "temível" de Deus, pois Eleé sempre retratado como um amigo fofo. Nunca como um juiz ou como o Leão de Judá.
5. É sentimentalista. As músicas são excessivamente emocionais.
6. Não é realmente uma boa música. É repetitiva, estereotipada. Muitas são criadas a partir do country, do jazz ou do rock. Cristãos deveriam ser capazes de produzir uma música de nível mais alto e profundo do que optar sempre por música industrial.
7. É teologicamente falido. São músicas cativantes para ficarem guardadas na memória, mas não possuem conteúdo de fé para ser meditado.
Kyle ainda explica o porquê o porquê do Worship ser para mulheres e homens afeminados.
1. Mulheres consomem muito mais esse tipo de música do que homens. O worship é comercialmente feito para elas.
2. A ênfase está nas emoções. Efeminado é justamente aquele que não consegue controlar suas emoções.
3. É tudo sobre Cristo como cordeiro. Nada sobre Cristo como leão. A passividade é valorizada ao invés da fortaleza.
4. As músicas são escritas por mulheres ou por homens afeminados.
5. Se a letra desse tipo de música fosse escrita por homens de verdade, ela soaria como algo homoerótico. As Escrituras nunca descrevem a relação entre homens e Deus em termos eróticos. Homens buscam um líder masculino, não um amante masculino.
As observações de Kyle se coadunam com a opinião de Calvin Johansson que publicamos no artigo "O problema da música gospel". A música cristã contemporânea (Gospel) é causa de imaturidade espiritual e atrapalha objetivamente a santidade, porque, na verdade, é um lixo musical que não favorece a oração.
Contudo, Kyle acrescenta mais um problema, o da afeminação da música cristã.
Neste blog, já comentamos no artigo "Sobre o Tradismatismo" sobre o problema da música carismática católica. Nesse artigo criticamos o uso de música não-litúrgica por carismáticos na missa. Porém, convém descatar o quanto a Renovação Carismática tem sido pródiga em produzir também músicas afeminadas.
Neste contexto, nota-se a música do Pe. Marcelo Rossi "Yeshua", agora regravada com o cantor Thiaginho (sim, aquele mesmo).
A canção encaixa-se com perfeição nos problemas descritos por Kyle Thompson sobre o worship cristão atual. Vejamos a letra:
Ele chora, Jesus, esse nome que ele chora/Te chamam de Deus e de Senhor/Te chamam de Rei e de Salvador/Mas eu me atrevo a te chamar de meu amor/Te chamam de Deus e de Senhor/Te chamam de Rei e de Salvador/Mas eu me atrevo a te chamar de meu amor
Yeshua, Yeshua/Tu és tão lindo/Que nem sei me expressar/Yeshua, Tu és tão lindo/Jesus/Meu Rei/Te chamam de Deus e de Senhor/Te chamam de Rei e de Salvador/Mas eu me atrevo a te chamar de meu amor/Te chamam de Deus e de Senhor/Te chamam de Rei e de Salvador
Mas eu me atrevo a te chamar de meu amor/Yeshua, Yeshua/Tu és tão lindo/Que nem sei me expressar/Yeshua, Tu és tão lindo/Yeshua, Yeshua/Tu és tão lindo/Que nem sei me expressar
Jesus/Yeshua, Tu és tão lindo/Tu és tão lindo/Yeshua, Yeshua/Que nem sei me expressar/Yeshua, Tu és tão lindo/Que nem sei me expressar/Yeshua, Tu és tão lindo/Jesus
A música é repetiva, sem conteúdo teológico, sentimentalista, judaizante e, se for cantada por homens, soa como algo homoafetivo.
Padre Marcelo, previsivelmente e para a nossa infelicidade, também canta essa música em suas missas:
Já a canção "Jesus, Meu Esposo" da Comunidade Católica Colo de Deus, que citaremos apenas alguns trechos, vemos um homem se autonomeando "esposa" e chamando Jesus de "meu esposo". A música só faz sentido se imaginarmos que se trata de uma relação homoafetiva.
Segue a letra:
É digno que a esposa/Se cubra com as vestes do esposo/É justo que eu meu vista com as feridas do teu corpo/Jesus, meu esposo
Eu troco as coroas desse mundo/Pela coroa e os teus espinhos/É justo que eu me cubra com a tua dor/Jesus meu esposo
Me deixe entrar/Me deixa entrar/(Na brecha do teu peito)/Te conhecer por dentro/Em tuas chagas, cura e libertação encontrar/Me deixa entrar/(Na brecha do teu peito)/Te conhecer por dentro, meu Jesus/(Te conhecer por dentro)/E em tuas chagas, cura e libertação (encontrar)/
Me deixa entrar, ê, ê, ê/Na brecha do teu peito/Te conhecer por dentro, e em tuas chagas/E em tuas chagas, cura e libertação (encontrar)
Avivamento encontrar/Esperança encontrar/Tua face encontrar, avivamento/Avivamento encontrar, esperança/
Esperança encontrar, tua face/A tua face encontrar/Meu esposo, e ele é/Jesus meu esposo/
Jesus meu esposo, Jesus meu esposo, Jesus meu esposo/Eu estou entrando, Eu estou entrando, E quanto mais eu entro/Mais eu me encanto
Eu estou entrando (estou entrando)/Eu estou entrando (eu estou entrando)/E quanto mais eu entro/Mais eu me apaixono
Eu estou entrando (eu estou entrando)/Eu estou entrando (eu estou entrando)/E quanto mais eu me apaixono/Mais eu me conheço
E descubro que eu sou louco/E descubro que eu sou louco/E descubro que eu te amo
Primeiramente, a música traz a frase "É justo que a noiva se vista com as vestes do esposo". A afirmação, no entanto, é péssima, porque esposas simplesmente não se vestem de esposo e nem é justo fazê-lo, visto que por direito natural homens e mulheres devem se vestir diferente. É uma frase sem sentido e que favorece a ideologia de gênero. Certamente, a esposa deve assumir muitas coisas do esposo, mas a veste não é uma delas.
Depois a letra fala de Jesus como "esposo". De fato, Nosso Senhor é retratado pela Tradição como Esposo, mas sempre da Igreja ou da alma, nunca do indivíduo enquanto tal. A canção, porém, retrata Cristo como esposo de um eu lírico masculino, pois a voz poética é de um homem ("E descubro que eu sou louco"). Esta abordagem é completamente homossexual, pois Cristo é tomado como um parceiro romântico de um outro homem, algo nunca feito antes pelos santos. Não se verá nos escritos espirituais de Santo Agostinho, São Bernardo, Santo Tomás de Aquino ou de São João da Cruz Jesus Cristo sendo tomado como esposo de si mesmos.
Notemos como só faz sentido a "esposa se vestir com as vestes do esposo", se imaginarmos que se trata de uma relação entre dois homens.
Por fim, a canção diz:
Jesus meu esposo, Jesus meu esposo, Jesus meu esposo/Eu estou entrando, Eu estou entrando, E quanto mais eu entro/Mais eu me encanto.
Eu estou entrando (estou entrando)/Eu estou entrando (eu estou entrando)/E quanto mais eu entro/Mais eu me apaixono.
A música parece parafrasear o verso 4 do primeiro capítulo de Cântico dos Cânticos:
"Arrasta-me após ti; corramos! O rei introduziu-me nos seus aposentos. Exultaremos de alegria e de júbilo em ti. Tuas carícias nos inebriarão mais que o vinho. Quanta razão há de te amar!" (Ct 1,4)
Todavia, notemos a diferença. O eu lírico da canção da Colo de Deus é masculino. Já o eu lírico de Cântico dos Cânticos é feminino. Na música da Colo, portanto, o homem literalmente se torna a mulher da relação (!).
Em suma, na música temos: um homem se autodeclarando "esposa" e fazendo de Cristo um par romântico e um homem se apaixonando na medida que "entra" no seu esposo.
Um rapaz homossexual tem nesta música um verdadeiro "lar". Ele é convidado a "sair do armário" toda vez que a canta, pois pensa que é justo falar de Cristo como um par romântico esquecendo-se que ele é verdadeiro Deus, mas, antes de tudo, verdadeiro homem.
Só por este fato esta música deveria ser extirpada dos shows carismáticos e da música católica como todo. Não sabemos quem seja, mas não duvidamos que o compositor da canção seja, de fato, um homem homossexual ou muito afeminado.
Continuemos.
No clipe da música, se vê ainda jovens andando a esmo e rapazes tendo gestos e movimentos muito afetados:
A afeminação dos movimentos é resultado direto da música tocada, tendo em vista que ela incentiva a espontâneidade e a explosão de sentimentos ao invés da sobriedade/gravidade do espírito de devoção.
A música, além de homoafetiva, gera problemas de imodéstia corporal. Segundo Antonio Royo Marín, a modéstia corporal
"É uma virtude que nos inclina a guardar o devido decoro nos gestos e nos movimentos corporais" (Teologia Moral para Leigos, tomo I, p. 585).
E continua o mesmo autor:
"Gestos bruscos e descompassados, gargalhadas ruidosas, olhares fixos ou indiscretos, modos afetados e amaneirados e outras mil impertinências desse tipo são indício, geralmente, de um interior desordenado e vulgar." (p. 586)
Ora, se há rapazes católicos com tendências e trejeitos homossexuais, mas que buscam viver o ensino da Igreja, nada pior e inóspito pra eles do que um ambiente que os incentiva a terem explosões de sentimentos e de imodéstia corporal, pois ambos geram a efeminação do comportamento masculino.
Com efeito, não é surpresa que do meio carismático alguns ícones famosos tenham se assumido publicamente homossexuais e com vida sexual ativa, como foi o famoso caso do cantor Gil Monteiro, que confessou, em 2022, que estava "casado" há pelo menos cinco anos com seu "marido".
Do exposto, concordamos inteiramente com o Dr. Peter Kwasniewski, quando diz, na segunda parte do seu artigo Sacred Music vs Praise and Worship - Does it Matter?, que o Worship cristão deveria ser totalmente excluído não só da liturgia como também da adoração devocional:
"Não pode haver lugar para música pop contemporânea inspirada ou influenciada pelo pop na liturgia porque ela viola vários dos princípios repetidamente dados nos documentos da Igreja. O fato de muitos padres e bispos não aplicarem essas regras e não parecerem se importar não vem ao caso, assim como o fato de a maioria dos católicos discordar da Humanae Vitae (incluindo muitos membros do clero) não justifica a contracepção. A vasta maioria dos católicos está em um estado de profunda ignorância, desrespeito habitual e, às vezes, desobediência total, e devemos encarar o fato de que isso é parte da causa da atual crise de identidade, doutrina e disciplina na Igreja.
Eu iria mais longe e diria que precisamos nos afastar da moda ou modismo de usar música derivada de estilos populares contemporâneos para qualquer atividade litúrgica ou devocional. Faríamos bem na adoração, por exemplo, se retornássemos a um papel muito maior para o silêncio e um uso consistente de cantos mais simples. A oração silenciosa, combinada com o canto, permite que pessoas de temperamentos, personalidades, idades, situações pelas quais estão passando em um determinado dia, etc., estejam unidas em oração de uma forma que pode ser adaptada às necessidades de cada uma. A oração vocal, ou uma forma de música mais “emocionante”, embora essas coisas possam ter seu lugar na vida cristã, não facilitam a oração em grupo, portanto a oração litúrgica, da forma que o silêncio e o canto (e a música sacra) o fazem."
A RCC faria um grande bem à música católica brasileira, se começasse a promover autêntica música sacra e deixasse de lado o pop religioso. Como vimos, não é um estilo autênticamente católico, empobrece a música cristã, impede a santificação de irmãos com tendências homossexuais e causa imaturidade espiritual dos fiéis.
Durante grande parte da minha vida como católico, frequentei o que a maioria chamaria de "Missa Nova bem rezada". Para alguns católicos que nunca viram um NO que não fosse um show de palhaços, o conceito de uma Missa Nova bem rezada pode ser uma surpresa, mas garanto que ela existe, embora seja rara. Como é uma Missa Nova bem rezada? Na minha experiência, ela podem incorporar alguns ou todos os seguintes elementos:
O ordinário da missa rezado ou cantado em latim
Uso exclusivo do Cânon Romano ("Oração Eucarística I")
Prevalência de mulheres que usam véu
Canto substituindo hinos
Um introito em latim
Um rito de Asperges
Paramentos bonitos
Recepção quase exclusiva da Sagrada Comunhão na língua
Sacrário localizado no centro
Recepção da comunhão ajoelhado na mureta do altar
Altar fixo, com aparência de sacrifício (ou seja, sem um frágil "altar mesa")
Bela arquitetura tradicional e decoro
Pregação e catequese ortodoxa
Acólitos do altar masculinos tradicionalmente paramentados
Cultivo de uma espiritualidade mariana e eucarística
Congregação vestida apropriadamente e reverentemente
Oração de São Miguel após a missa
Tenho sido consistente ao longo dos anos na minha opinião de que o Novus Ordo não é intrinsecamente irreverente; Isso mesmo. Sabemos que uma maioria estatística das liturgias do Novus Ordo são, na melhor das hipóteses, constrangedoras e, na pior, irreverentes, mas ainda assim o NO pode teoricamente ser celebrado de uma forma que seja condizente com a dignidade da liturgia. Talvez você discorde disso, mas tanto faz. Esse não é o ponto deste ensaio. E, claro, a Missa Tradicional é superior a esse respeito em todos os sentidos, e isso é inquestionável. Mas o ponto é que é possível celebrar o Novus Ordo de uma forma que seja reverente e digna, e que para muitos católicos esses tipos de liturgia do Novus Ordo constituem uma fonte real e positiva de nutrição espiritual e oferecem uma conexão verdadeira, embora muito imperfeita, com a tradição católica.
No entanto, mesmo que tudo isso seja verdade... é uma defesa terrível do Novus Ordo. Há uma razão maior que paira como um elefante na sala — o fato de que mesmo a melhor liturgia do Novus Ordo só o é por causa da preferência pessoal do celebrante.
As rubricas do Novus Ordo definitivamente permitem uma celebração reverente. Mas a palavra "permitir" é o ponto crucial do problema. Ela permite todas as opções mais reverentes se o celebrante assim escolher usá-las. E as mesmas rubricas que permitem a reverência permitem com a mesma facilidade as opções mais banais, bobas ou irreverentes se o celebrante assim escolher. O Novus Ordo é liturgicamente libertário. Ele eleva o princípio da escolha pela escolha como o princípio determinante da liturgia. Isso garante que a qualidade da experiência litúrgica de alguém seja determinada não pela estrutura do rito em si, mas pelos caprichos do celebrante. Mesmo quando o celebrante escolhe usar as opções mais reverentes — o que pode ser bom para aquela liturgia em particular — no geral é um mau estado de coisas porque a estabilidade daquela "Missa Nova bem rezada" está sempre em questão.
Para ser franco, isto significa que apenas uma pessoa está entre a Missa Nova bem rezada e a completa reviravolta da vida litúrgica da paróquia. Alguns exemplos da minha própria história:
Minha paróquia teve um pastor tradicional por mais de uma década. Ele fez o que eu descreveria como um Novus Ordo "reverente" e (após a promulgação do Summorum Pontificum) ele também celebrava a Missa Tradicional em Latim. Todas as suas liturgias de ambas as formas usavam o altar-mor neogótico. A paróquia tinha um altar de mesa, mas o pastor o havia removido e guardado. Bem, eventualmente, esse pastor foi embora e nos foi designado um administrador paroquial temporário até que um pastor permanente fosse designado. O sujeito interino imediatamente colocou o altar de mesa de volta. Ambos os clérigos podiam citar documentos em apoio às suas decisões: o pastor original corretamente observou que o texto do Missale Romanum assume que o celebrante está voltado para ad orientem e, portanto, presume um altar de parede fixo, não um altar de mesa. O administrador interino poderia citar o IGMR, que diz especificamente que o altar "deve ser construído separado da parede, de tal forma que seja possível andar ao redor dele facilmente e que a missa possa ser celebrada nele de frente para o povo" (GIRM 299). Tudo dependia da personalidade e das preferências de cada homem, qual documento eles escolheram seguir e como eles interpretaram esses documentos. Quando um novo pastor foi finalmente designado, ele (novamente) removeu o altar da mesa. Se ele algum dia for embora, um novo pastor poderia facilmente colocá-lo de volta.
Outra história: anos antes, quando retornei à Igreja, eu estava assistindo à missa naquela que era então a paróquia mais tradicional da minha região. O pastor rezou uma Missa Nova em latim, onde tudo, exceto as leituras e a homilia, era cantado em latim. Eu adorei isso. Foi minha primeira exposição a algo que se aproximasse da tradição litúrgica católica. Bem, eventualmente aquele pastor foi removido e nós pegamos outro, um cara do tipo "não balance o barco" de energia muito baixa. Matéria pima de bispo. De qualquer forma, uma vez que o novo padre entrou, adivinhe qual foi a primeira coisa que foi retirada? Eu acho que o latim não foi mais rezado naquela paróquia desde então.
O ponto é este: mesmo quando a Missa Nova é rezada reverentemente, é como um exercício do gosto pessoal do pastor — e a elevação da preferência do celebrante acima de todas as outras considerações é talvez o pecado original do Novus Ordismo. O Novus Ordo no seu melhor ainda é um exemplar do que há de pior nele. Que ironia bizarra.
Quão diferente isso é da Missa Tradicional, onde o celebrante se torna irrelevante! A reverência da Missa Tradicional não é o produto de preferência subjetiva, mas é construída na estrutura do próprio rito. A Missa Tradicional não tem uma "permissão" contingente para reverência; ela simplesmente é reverente. A reverência não é o produto de ter o pastor certo, construir a congregação certa ao longo dos anos e fazer as escolhas certas entre um mar de opções. A reverência da Missa Latina Tradicional não é o fim a ser alcançado, mas uma fundação que é tomada como certa e construída sobre ela. É onde começamos, não onde terminamos.
Liturgia reverente não é algo pelo qual os católicos devam lutar, muito menos deixar aos caprichos das preferências litúrgicas de um homem. Deve ser nosso direito de nascença como filhos e filhas da Igreja.