No último dia 15.08.2024, a colunista católica Jules Freitag, de quem já tratamos brevemente aqui, publicou novos stories divulgando um desabafo de uma seguidora sua a respeito do véu:
Cân. 28 — Salvo o disposto no cân. 5, o costume quer contra a lei quer para além dela, revoga-se por costume contrário ou por lei; porém, a não ser que deles faça menção expressa, a lei não revoga os costumes centenários ou imemoriais, nem a lei universal os costumes particulares.
Com efeito, ainda que o uso obrigatório do véu fosse contra legem (contra a lei da Igreja), como não houve sua expressa revogação ou publicada nova norma tornando-o opcional e sendo ele um costume imemorial e centenário, o seu uso continua vigente e vinculante nos lugares em que é costumeiro.
Portanto, prova-se mais uma vez que, ainda que o uso do véu não fosse obrigatório na maioria das paróquias, ele o seria em ambientes que costumeiramente se guarda essa disciplina.
Pergunta-se, ademais: Seria pecado não usar véu nesses ambientes?
A resposta é depende. Se uma moça não cobre os cabelos por puro desaviso, não peca. Contudo, se rejeita cobri-los por desprezo ao costume local ou para espalhar uma moda contrária, peca. Neste sentido, ensina Antonio Royo Marín a respeito de vícios contra a modéstia no vestir:
"Vícios opostos. Embora contra esta, como contra as demais virtudes, seja possível pecar por excesso ou por falta, há muitas maneiras de incorrer em um ou outro extremo. Eis aqui as principais desordens que Santo Tomás aponta em um artigo escrito há sete séculos, e que é hoje de palpitante atualidade (II-II, 169, 1).
1ª Quando no modo de vestir se contrariam os salutares costumes de um povo. E cita as seguintes palavras de Santo Agostinho: "Uma convenção estabelecida em uma cidade ou em um povoado, seja pelo uso ou pela lei, não pode ser pisoteada pelo capricho de um cidadão ou de um estrangeiro." Meditem-no as autoridades encarregadas de velar pela moralidade pública diante da invasão desavergonhada de tantos "turistas" estrangeiros." (Teologia Moral para Leigos, n. 512.2)
Jules, por fim, diz: "Sabem onde é que existe a obrigação de usar véu e usar saia abaixo de joelho? Na Contregação Cristã do Brasil. Repitam comigo: ser católico não é fazer cosplay da Congregação Cristã do Brasil."
Corrijamos Jules. A obrigação de usar véu foi originalmente ordenada por São Paulo, um católico. Depois reiterada por São Lino Papa, um católico. Após ensinada pelos Santos Padres e os Escolásticos, todos católicos. Por fim, o Papa Bento XV, um católico, prescreveu o uso do véu no CDC 1917. Portanto, o uso bimilenar do véu prova que ele nunca será uma imitação ou um "cosplay" da Congregação Cristã, fundada apenas no século XX. O deboche de Jules é uma depreciação objetiva e mentirosa de um costume totalmente católico.
Jules também erra sobre os vestidos que cobrem o joelho. Entende ela que só existe a obrigação de cobri-lo na Congregação Cristã do Brasil. Não, Senhora. A Igreja também prescreve a mesmíssima coisa.
“Recordamos que um vestido não pode chamar-se decente se tem um decote maior que dois dedos abaixo da concavidade do colo, se não cobre os braços pelo menos até o cotovelo, e escassamente alcança um pouco abaixo do joelho. Ademais, os vestidos de material transparente são inapropriados.” (12 de janeiro de 1930)
"Homens: calças pelo menos na altura do joelho. No verão é possível usar calças curtas mas os joelhos devem estar cobertos.
Mulheres: é proibido aparecer com as mangas descobertas. No verão a solução pode ser trazer um cardigan ou uma ombreira para usar dentro dos Museus. Calças ou saias devem cobrir até o joelho. É absolutamente proibido usar top que deixe a barriga aberta"
Código de Vestimenta da Basílica de São Pedro:
Código de vestimenta para a missa
Durante a missa na Basílica de São Pedro, homens e mulheres são obrigados a cobrir seus joelhos e ombros. Os homens podem usar calças e camisas, enquanto as mulheres podem usar saias longas ou vestidos, devendo ambos cobrir os joelhos. As mulheres podem usar chapéus para a missa, entretanto, os homens devem tirar os chapéus antes de entrar na Igreja.
A Basílica de São Pedro inclusive já adotou cartazes ilustrativos sobre como as pessoas devem se vestir:
23h59: Modéstia é se conformar com o costume local. Por isso é válido usar biquíni na praia e legging na academia.00h00: Não vou usar "paninho" na cabeça. Não sou obrigada. Dane-se a Missa Tridentina, dane-se o costume.
"Não peca sempre quem usa de roupas mais vis que a dos demais. Assim, se o fizer por jactância ou soberba, julgando–se superior aos outros, cai no vicio da superstição. Se, porém, proceder desse modo para mortificar a carne ou por espírito de humildade, praticará a virtude da temperança. Por onde, diz Agostinho: Quem usa das coisas mais estritamente que o permitem os costumes daqueles com quem convive, ou é temperante ou e supersticioso. – Mas sobretudo cabe usar de roupas mais vis aqueles que exortam os outros, pela palavra e pelo exemplo, à penitência. Por isso, uma Glosa ao Evangelho diz: Quem prega a penitência traga um hábito de penitente." (S. Th. II-II, q. 169, a.1, ad 2)
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